segunda-feira, 14 de junho de 2010

VOO 1778 A MINHA OPINIÃO.







António Loureiro

Fur.Mil.PA
Figueira da Foz


Dá-me licença senhor Comandante

Discurso do 10 de Junho

Respeitando a leitura que cada um possa fazer à sua maneira sobre o discurso do camarada Dr António Barreto, faço a minha genérica apreciação.

Sem dúvida que as palavras proferidas pelo camarada Dr António sobre os ex-combatentes, de algum modo me fizeram vir à ideia outro Dr António, com mais peso e substância.
Muito sinceramente, tenho muita pena por me ficar só pelo António, possivelmente, se me tivesse esforçado mais um pouco, nunca se sabe se não podia ter sido mais um Dr António no meio de tantos outros, como diria um célebre camarada, que tinha andado a estudar para médico, mas tinha desistido na 4ª. classe.
À muito que o camarada Dr António Barreto tem vindo a terreiro manifestar a sua opinião em contra-corrente com a prática do seu PS, coisa que talvez um dia venhamos a saber porquê.
Pessoalmente, até prova em contrário, considero-o uma pessoa séria e intelectualmente honesto.
A nossa geração de ex-combatentes, apesar de extensa, dificilmente poderá ir muito mais além do que foi, e é pena, porque qualquer movimento veria com bons olhos estes números traduzidos em votos, mas como pertencemos àquele tipo de gente que nem se governamos nem se nos deixamos governar, acabamos por ser aquele tipo de fruta apetecível, mas que a raposa muito sabiamente chegou à conclusão de que, são verdes, não prestam.
Os ex-combatentes estão de tal modo disseminados dentro do espectro político que nada nem ninguém os poderá trazer à ribalta, restando apenas viver e sonhar que um dia o Estado lhes faça a justiça que merecem.
Para além da bondade do discurso verdadeiramente mobilizador, como notícia que passou a ser, termina o seu efeito passados os 3 dias, e o camarada Dr António sabe disso, no entanto, doravante, não o podem acusar de não ter feito nada.
O esforço feito no DESFILE por aqueles "maduros" mais preocupados em chamar à atenção sobre o motivo que os levou ali, muito mais de que com o passo certo, deve ter comovido meio país durante alguns minutos, porque afinal, eles foram os representantes de todos nós e querem tão pouco em relação àquilo que deram ao seu país.
A evocação desta data é proeminentemente massónica levada à prática pelo seu veículo político, o PS e assim se manterá enquanto houver condições para tal.
Nós, ex-combatentes, acordámos muito tarde para a nossa causa, deixamos que outra gente, mais "mexida", se assenhorasse despudoradamente das condições criadas pela Democracia para subverter os seus princípios, aceitando de ânimo leve que desertores, refractários e compelidos nos remetessem para segundo plano, fazendo vingar na sociedade a opinião de que afinal, os heróis eram eles, politicamente mais "esclarecidos" em detrimento de nós, que tudo demos, em troca de nada.
Obrigado caro SOTERO, que alguém tenha tirado as devidas ilações sobre a tua narrativa da célebre viagem por terras de Angola, afinal, parece que toda a gente te ajudou e tratou bem, esse discurso podia ser complicado à 40 anos.
Como há muito deixei da acreditar no Pai Natal, resta-me a ténue esperança de que as corajosas palavras do Dr António Barreto, façam tilintar no subconsciente das pessoas que têm o puder mas com pouca autoridade, olhar doutro modo para nós, que temos muita autoridade mas com pouco poder.
Nos States este tipo de manifestação pública da causa dos ex-combatentes está devidamente institucionalizada, mas eles têm outra maneira de ver estas coisas, são mais pragmáticos.
Força combatentes, atrás de tempo, tempo vem.
A partir de agora tenho as costas à vossa disposição.
Comandante Victor, se achares que a minha opinião possa vir a "criar" alguma polémica, estás à vontade, não publiques.
Um abração de amizade

Voos de Ligação:
Voo 1775 Só peca por tardia... - Victor Barata
Voo 1777 Vale mais tarde que nunca - João Carlos Silva