segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Voo 1881 RESTRIÇÕES NO APOIO AÉREO.





António Damaso
Sargº.Mor Parqª.(Ref.)
Azeitão



Depois da 2.ª temporada no Cantanhez em Caboxanque, a Companhia CCP 121, tinha tido um balanço positivo, não tinha sofrido nenhuma baixa, as coisas estavam a correr bem.
Estávamos em Bissalanca num período descanso, com uma prontidão de 15 minutos, recebemos ordem de equipar rapidamente e caminhar para a placa dos Helis , estes já estavam à nossa espera, rumamos a Bula e fomos largados no Aquartelamento
Foi numa operação com o nome de «Acção Realejo» executada nos dias 5 e 6 de Maio de 1973 na zona do Choquemone, em que actuou o 2.º Bigrupo da CCP 121, eu mais uma vez como adjunto de comandante do 3.º pelotão.
Aí, soubemos que no dia anterior, uns Milícias instruídos no Local tinham ido finalizar a Instrução com uma saída para o mato, tiveram azar porque os “Turras” andavam por lá e carregaram sobre eles provocando-lhe três mortos e alguns feridos, fomos ainda informados, só os graduados, que não dispunham-mos de qualquer apoio aéreo nem para evacuações.
Dirigimo-nos a pé para o local, era uma zona que conhecia por já lá ter feito algumas operações, onde os Páras tinham dado muita «porrada» e apanhado muito material e feito prisioneiros mas também tinham tido alguns dissabores e daquela vez exigia mais cuidado, o único apoio era o obus local, para testar esse apoio quando estávamos no local da contenda, fez um teste com um tiro, aquilo sempre dava algum conforto moral, pelo menos contávamos com a artilharia.
Por lá andamos dois dias, estivemos no local da contenda, recuperamos uma G3 e algum equipamento.
Finda a operação o Bigrupo regressou a Bula, fomos em viaturas até João Landim, atravessámos o rio em jangada e depois novamente em viaturas até Bissalanca.
Por sorte não tivemos nenhum contacto, mas já ficamos com uma ideia do que nos esperava dali para diante, o que veio a acontecer e da pior maneira.
No dia 12 de Maio a Companhia entrou em acção mais uma vez, tendo o 1.º bigrupo saído e o 2.º ficado equipado de reserva, em prontidão zero na placa dos Helis, habituados a entrar em acção, a espera provocava algum vazio no estômago.
Estava quase em meio o mês de Maio que viria ser um mês negro para a Companhia.

Saudações Aeronáuticas

A Dâmaso

VB: Olá Dâmaso.
Foi de facto um período muito conturbado aquele que a FAP viveu nos meses de Abril e Maio de 73.
Num tão curto espaço de tempo foram abatidas cinco aeronaves e salvando-se apenas um piloto. É sempre bom que ninguém se esqueça das condições de perigosidade em que voamos no TO da Guiné em que, como já aqui foi ditos diversas vezes, a cota mais alta ao nível do mar era +/- 350m,Madina de Boé.
No computo geral a nossa prestação foi sempre muito positiva.