terça-feira, 9 de novembro de 2010

Voo 1988 AO CORRER DA PENA.



Victor Sotero
Sargº.Môr EABT
Lisboa



Meu Comandante:
Permita-me esta "aterragem" para saudar o "Comando", "A Linha da Frente" e todos os "Zés" que por aqui nos vão visitando.

"Àqueles que por obras valorosas se..."

Quem, como nós esteve longe da Pátria mãe, sabe bem o que é esse sabor amargo chamado saudade.
Sim, saudade da nossa terra, da nossa família, dos nossos amigos.
Há aquela idade que todos têm, como eu tive, em que não se sabe bem o que se quer.
Uns, conseguem resistir às tentações dessa "época", sem se lembrarem mais delas. Outros, ficam toda a vida tristes por não
terem podido realizar os sonhos de juventude.
O desejo de aventura, a sede de novidades, levou-nos a cantos desconhecidos, julgando-nos felizes porque os nossos olhos
viam coisas diferentes.
Perdemos a tranquilidade da vida que podíamos ter tido se não tivéssemos saído da nossa "terra".
Perdemo-nos entre as multidões vivendo espectáculos das suas gentes, numa experiência de "exílio", embora por vezes "voluntário".
Foi a adaptação a uma nova vida em climas diferentes que por vezes tornavam os nossos dias tristes, pesados e por vezes solitários.
Duas únicas palavras: Terror!... Saudade!
Não é fácil aceitar estas palavras sem que haja um mínimo de "luta" dentro de nós.
Teríamos tido tudo o que quereríamos mas era preciso encontrar outras "razões".
Cada qual terá as suas e sentirá o "terror", a "saudade" de maneira diferente, mas de facto, foi uma realidade.
Uma "doença",... direi mesmo...uma "doença" dos portugueses da época.

Meu Comandante
Despeço-me do "Comando", da "Linha da Frente" e de todos os "Zés" com um até breve.

Sotero