terça-feira, 30 de novembro de 2010

Voo 2021 ACIDENTE DO NORDATLAS 6414 NA PRAIA DE SEPÚLVEDA (II)




Jorge Mendes
2ºSargº.Mil.EABT
Coimbra



Caro comandante, restantes elementos do comando e toda alinha da frente.
Decorridos alguns dias após o início da missão , solicito autorização parra aterrar nesta 2ª escala do VOO 2000.
Na 1ª escala , narrei o que foi publicado na imprensa, mas como já tinha deixado antever, nesta 2ª escala do voo, verifica-se que as causas do acidente , foram outras , bem distintas.
Assim vamos, ao que faz parte do inquérito feito ao acidente.


Legenda: O Nordatlas depois de acidentado na praia de Sepúlveda
Foto:Jorge Mendes(direitos reservados)

TRIPULAÇÃO
Carlos António Quintanilha Reis Araújo, Cap.Pilav. com um total de 2091H20 como piloto, das quais 630H15 como 1º piloto. Como piloto desta aeronave tinha 275H00. Nos últimos 90 dias tinha voado como 1º piloto 151H35.
João Afonso dos Santos Pires de Azevedo, 2º Sarg. Pil. com um total de 1389H05 de voo, das quais 1043H00 neste modelo. Como 1º piloto tinha nos últimos 90 dias 108H55 neste modelo.
Paulo do Nascimento Bravo, Alf.Nav.
Teotónio Vieira de Lima , 2º Sarg. ORTRA
António Guerreiro da Silva Bastos , 1º Sarg. MMA
Eduardo Gomes dos Santos, 2º Sarg. MMA.
DESCRIÇÃO
O acidente teve lugar no dia 13 de Junho de 1967, durante a execução da missão de transporte de passageiros , no sector da Beira – Lourenço Marques, com a aterragem na Praia de Sepúlveda, às 23H30, no inicio da praia - mar. O avião estava no limite do combustível e tinha-se perdido. No destino o céu estava limpo.
INVESTIGAÇÃO
Para apuramento das causas remotas e próximas que levaram ao insucesso da missão, foram ouvidos os tripulantes do avião e pessoal do grupo de transporte. O comandante de bordo só tardiamente foi ouvido, por não ter sido cumprida oportunamente a ordem que foi dada ao comandante da base. Pouco se adiantou com este método, dado o grande intervalo de tempo decorrido. Os documentos de bordo não existem para se poder fazer a reconstituição do acidente e confirmar as declarações feitas. A reconstituição feita no relatório oficial, por memória, dias após o acidente. Tem um baixo grau de certeza, dadas as tensões psíquicas a que esteve submetida a tripulação, após o reconhecimento de se saber perdida em plena noite. O único documento válido existente que pode ajudar a reconstituir a viagem, foi extraído da fita magnética da torre de controle de Lourenço Marques, da qual se junta uma cópia. Como não é lógico admitir que as informações dadas a bordo do avião, no diálogo travado com a torre , não correspondem às acções realizadas a bordo e às indicações então fornecidas, é este documento que serve de base ao traçado da navegação. Comparando o relatório oficial do acidente e a cópia da gravação da fita magnética, verifica-se que há rumos inversos à mesma hora, que houve incapacidade em identificar os faróis da costa e que a narrativa da fita anula partes do relatório.
CAUSAS REMOTAS
Comandante pouco experiente e sem ascendente sobre os seus subordinados. Pouco indicado para pilotar um avião de transporte com a devida segurança, nas circunstancias de voo de noite. A falta de traçado de navegação que visualizasse o erro, pois seguiram um rumo paralelo à costa, durante uma hora e a incapacidade de reconhecerem os faróis da costa, por desconhecimento total do manuseamento do manual de voo, foram as causas possíveis e imediatas da perda do avião.
COMUNICAÇÕES
Não se confirmaram falhas nas comunicações , embora se notassem algumas irregularidades, provavelmente devidas à baixa altitude de voo e algumas interferências atmosféricas.
RESULTADOS
Perda do avião e dos haveres dos passageiros.
CONCLUSÕES
O comandante de bordo não estava à altura da missão. Não podendo de futuro deixar de se proceder a uma selecção , quanto ao seu equilíbrio e valor profissional.Esta é a transcrição do inquérito feito ao acidente. Os meu bem-haja ao amigo Víctor Sotero , pois sem a sua ajuda certamente não seria possível ter acesso ao mesmoAinda voltarei a este acidente pois vou tentar reunir o Navegador e o Capitão de Inf. que esteve na protecção à recolha dos destroços. São ambos de Coimbra.
Saúdações Aeronauticas
Jorge Mendes