domingo, 30 de janeiro de 2011

VOO 2139 MOÇAMBIQUE - Que saudades...


Augusto Ferreira
Esp.Melec./Inst.Av
Coimbra





MOÇAMBIQUE –Que saudades…
Caros companheiros e amigos, o nosso longo período de permanência (dois anos) nas nossas ex-colónias, proporcionou-nos momentos inesquecíveis. Uns bons outros maus, dependendo do local onde estivemos presentes e das situações que se nos atravessaram à frente, durante a nossa permanência em África.
Todos nós teremos o nosso próprio registo, do contacto directo com o espaço físico, que é único e com a própria guerra, para aqueles que estiveram nas frentes dos conflitos. Fora a guerra no meu caso, Moçambique surpreendeu-me bastante. Gostei imenso daquele novo país e imaginei-o sempre, como seria em tempo de paz com a sua fauna e flora. A relação com a população residente foi sempre boa. A sua simplicidade e simpatia fizeram com que nos integrássemos com facilidade nas vidas das cidades. Nós em Tete depois de um dia operacional no AB7, ao final do dia deixávamos a farda azul e vestíamos a roupa civil para irmos até à cidade, que ficava a poucos kms utilizando a nossa camioneta. Penetrávamos naquela nuvem de pó, que envolvia a cidade, realçada pela iluminação nocturna, provocada pelo trânsito nas suas ruas térreas. Umas vezes para irmos ao cinema, ao Hotel Zambeze, jantar por lá, ou por compromissos desportivos.
Em 1972/74 o AB7 tinha equipas, que competiam com outras militares, que estavam aquarteladas em TETE. Por ex. a Polícia, Exército e Marinha. Eu fazia na altura parte de uma equipa de Basket, que participava em torneios à noite, num campo que ficava próximo da entrada da ponte na cidade.









O orientador técnico da nossa equipa, era o nosso internacional português Quen Gui, de descendência chinesa e que era o Chefe da secção de morteiros do Exército, instalados no perímetro do nosso Aeródromo.
Lembro-me que quando decorriam os jogos, havia miúdos que andavam a vender cartões pela assistência, para promover o jogo do BINGO. O sorteio dos números decorria durante os jogos. Era um modo que a organização tinha, para cobrir as despesas. Depois das competições íamos até à esplanada do cinema, comer e beber qualquer coisa para acalmar o corpo. Ao final da noite lá nos encontrávamos todos de novo, para um regresso ao AB7, excluindo os que tinham optado por ir ao “MAXIME”, pois o ”strip” só acontecia ao início da madrugada, no habitual cenário de fardas e camuflados, dos militares que se encontravam em trânsito.











Estou a enviar fotos da equipa de Basket, do local onde se realizavam os jogos, do Hotel Zambeze e duas outras tiradas no dia de Natal de 1972. Uma no AB7 e outra no Jardim de Tete.
Um grande abraço para todos os Zés Especiais e amigos da nossa Linha da Frente.
Para o nosso Victor Barata, os desejos de uma boa recuperação para a sua vista, para que nos continue a “guiar” nesta aeronave de saudades, com o desejo de rápidas melhoras.
Até breve
Augusto Ferreira

JCS: Fotos: Augusto Ferreira (Direitos Reservados)