Victor Barata
Esp.Melec./Inst./Av
Vouzela
Bom Dia, Companheiros.
Finalmente já reparei a luz de navegação que por enquanto se mantém em regime experimental.
Foi no passado dia 27,depois de mais dia e meio de espera, em virtude da entrada de duas crianças que necessitavam de ser operadas com urgência, que entrei no bloco operatório do Hospital de Sº. António do Porto, para me submeter a nova intervenção cirúrgica, visto a primeira ter borregado.
Eram 7:30h da manhã (estava de alerta na linha da frente) quando me transportaram em maca para o bloco acompanhado pela Nª.Sª do Ar. Aqui chegado, saltei daquela para a outra onde se deitam os “condenados” à referida intervenção.
O que se passou…não sei, acordei eram 10:45h na sala de recobro de onde transitei para a enfermaria com a lâmpada do lado direito bloqueada por um penso.
Correu tudo muito bem, nada de dores, no dia 28 alta e toca andar.
Por enquanto apenas faço constantes lubrificações (5 vezes ao dia) à referida peça, na ânsia de brevemente poder estar apto para voar.
Gostava de vos agradecer, mas sinceramente, não tenho palavras para tal.
Que enorme orgulho sinto em ter sido ESPECIALISTA DA FAP. Somos mesmo uma família ESPECIAL!
Recordo um companheiro que à uns meses atrás me disse: Olha Victor, pensas que tens muitos amigos, mas quando chegar a hora vais ver os que aparecem!”
APARECERAM TODOS E ALGUNS QUE NEM TINHAM GRANDE INTIMIDADE COMIGO!
Mais uma vez ficou provado que somos uma grande família, durante dois dias a caixa de mensagens do meu telemóvel, esgotou a sua capacidade de recepção. Assim que tive oportunidade de ligar o aparelho, o seu toque de chamada nunca mais parou. O computador, como é calculável, não esteve ligado durante estes dias, quando no sábado o abri tinha 143(!)mensagens por ler… Agradeço a Deus por ter incluído no destino da minha vida,a minha entrada,ainda menino, na FORÇA AÉREA como ESPECIALISTA, e ter saído como HOMEM, em função da vossa camaradagem.
Com o receio de me esquecer de alguns de vós, que estiveram comigo neste momento que é sempre difícil,não falarei em nomes,abro uma excepcção para aqueles que estão "para lá do mar "(Fernando C.Branco,Rogério,Elmano e João Henriques), mas seria injusto da minha parte não referenciar aqui o nome de quatro camaradas que foram os grandes impulsionadores da concretização de tão necessária operação.
Ao Carlos Ferreira a árdua tarefa que teve quando das minhas deslocações a Coimbra, aos HUC’s onde inicialmente estava prevista a intervenção, que me ia esperar à estação da RN bem cedo, para de seguida me levar à referida unidade hospitalar e esperava por mim horas…era até eu voltar, para depois me levar a almoçar e de seguida me deixar no local da partida, RN.
Os seus movimentos, através dos conhecimentos de que dispõe em Coimbra, para que eu conseguisse concretizar rapidamente tão necessária cirurgia.
Ao Jorge Mendes ( que nos tratamos como irmãos),as suas movimentações dentro dos HUC’s (cunhas)no intuito de que esta se realizasse o mais rápido possível, o que veio a conseguir, apenas não foi aproveitado pelo facto de ter surgido a hipótese do Porto primeiro.
Ao Manuel Pais, um COMPANHEIRO que tive o prazer de conhecer à apenas cerca de ano e meio (tanto tempo que perdemos, Manel!)que na hora certa estava sempre à minha espera à saída do Hospital, quer no S.João quer no Sº.António, culminando na 6ª feira, quando da descolagem do referido aeródromo (S.António), proporcionar-me um almoço num conceituado restaurante dos arredores do Porto para assinalar o êxito da intervenção, assim como o meu regresso a casa, na companhia do Miguel Falcão(e que almoço!!!).
Deixei para o fim o meu AMIGO Miguel Falcão.
Não sei como começar, é-me difícil transcrever neste espaço a preocupação por ele demonstrada para que o meu estado de saúde fosse solucionado o mais rapidamente possível.
Conheci este nosso Companheiro à 39 anos na Guiné. Partilhamos a mesma habitação, camas lado a lado, comíamos regularmente juntos, o mesmo local de trabalho (linha da frente das DO), saiamos da Base com destino a Bissau onde íamos jantar e ver as “montras”no Pilão(ainda lá gastamos uns pesos!), aturamo-nos um ao outro, enfim, embora a situação fosse propicia á boa camaradagem, cativamos ali uma amizade eterna.
Depois da Guiné, pelos mais diversos motivos, perdemos o contacto, vindo a ser recuperado anos mais tarde através dos encontros do pessoal da Base Aérea nº12.
Retomamos o contacto, quer pessoal, net ou telefónico, quase que diário
chegando a fazer férias em família.
Pois bem, foi o Miguel que me “internou”, quer no S.João, quer no SºAntónio, através do seu irmão e sobrinha, distintos clínicos oftalmológicos naqueles estabelecimentos hospitalares.
Após a intervenção, passou horas sentado numa cadeira junto à minha cama na enfermaria, tentando assim aliviar um pouco o espírito de quem sai de um bloco operatório depois de receber uma anestesia geral e ser operado, ausentando-se apenas para ir almoçar, voltando de seguida.
Poderia estar aqui o dia todo a escrever sobre este GRANDE AMIGO que nunca conseguiria exprimir em palavras a amizade que nos une, mas para além disso a emoção não me o permite fazer
Obrigado Miguel, valeu a pena aturar-te
Victor Barata