quarta-feira, 6 de abril de 2011

Voo 2231 UMA NOITE DE SONHO.



Victor Sotero
SargºMor EABT
Lisboa



Meu Comandante:

Saúdo o “Comando”, a “Linha da Frente” e todos os “Zés” que nos deitam o olho por aqui.
Lembras-te, Victor?
Daquela noite em que estivemos de serviço?
Verdadeiramente, não me lembro em que noite foi que estivemos de serviço no Comando Operacional da Força Aérea.
Éramos quatro: Tu, eu, o Jorge Mendes e o António Loureiro.
Esperámos que a noite nos visitasse e depois do jantar, como habitual, lá nos dispusemos para uma cartada.
Servia de “mesa” a própria secretária e de cabide para os bivaques e boina, a pequena mesinha que servia de apoio ao telefone.
Eras o meu parceiro como sempre. Os nossos adversários, eram o Jorge Mendes e o António Loureiro.
Nunca gostei de perder e claro que nesse dia o “vento” estava de feição para o nosso lado.
A noite já ia entrada e nós continuávamos com a nossa “sueca”.
Sem darem por isso, dou comigo a olhar para a boina do Loureiro e espanto meu, vejo-a a movimentar-se. Com a minha mão direita, fiz o gesto de a deslocar para o lado do Loureiro e logo a seguir, com outro gesto, foi colocar-se na sua cabeça.
Eu estava calmo mas tanto tu como os nossos adversários rapidamente se levantaram e não queriam acreditar.
Fiz o mesmo gesto ao teu bivaque e ele foi para a tua cabeça. De imediato também ao do Mendes que em breves instantes se encontrava colocado.
Impossível de acreditar.
Porque a noite estava “linda”, viemos para a escadaria que dá acesso à porta de entrada do Comando.
Uma noite de Luar. Comentávamos o que tinha acontecido. Como era possível?
Na mata, em frente do Comando, reparei que qualquer” coisa” brilhava por debaixo de um pinheiro. Que seria?
Mais um gesto, e o tal “brilho” movimentou-se. Continuei gesticulando com a minha mão e em breves instantes uma lata vazia que antes tinha servido para conserva de grão, estava junto a nós.
Inacreditável. Afinal, que poder tinha eu?
O Loureiro, parecendo que não estava de acordo com as minhas “potencialidades”, em breve recolheu para os lados do quarto do pessoal de serviço à Porta de Armas.
Que pensaria de mim?
Que pensavas tu e o Mendes?
A noite avançava e cada um para o seu local de descanso. Qual o estado de espírito?
Pela manhã, no inicio de um radioso dia de Sol, quando abri as persianas do quarto, reparo que em frente do Comando havia muita euforia.
Quase toda a Imprensa, escrita e falada esperava por mim.
Pensei: Isto é para mim. Como é que esta gente aparece por cá?
Teria sido o Loureiro que os avisou das “potencialidades” que eu não sabia ter?
Nas janelas do edifício COFA, viam-se já o “Comando”,e a “Linha da Frente” com algumas senhoras para alem de alguns visitantes.
Que irá acontecer?
Rapidamente fiquei rodeado de muita gente.
Muitas perguntas que eu não sabia responder.
Victor. Tu estavas perto de mim e não sei se de propósito, fizeste cair uma moeda para o chão.
Quando a vi, o mesmo gesto e a moeda, sem me ter mexido do sitio onde me encontrava, veio para a minha mão tendo-a mostrado depois à Imprensa.
Fiquei então rodeado por tanta gente que nem eu próprio sabia onde me encontrava.
Então...abri os braços e num ápice “voei” na direcção de uma nuvem muito baixa que atravessei cheia de gelo.
O Fernando Moutinho que se encontrava na sala da Meteorologia, provavelmente para saber se tinha condições para voar, disse em voz alta:
-O gajo vai a “voar” furou a nuvem de gelo.
Ouvi-o perfeitamente!
Fui “aterrar” a cerca de quinhentos metros de distância, na Central de Emissores do COFA.
Depois... acordei. Era ainda noite e já não consegui dormir mais.
Meu Comandante:
Despeço-me acordado de um sonho, do “Comando”, da “Linha da Frente” e de todos os “Zés” que nos visitam.
Até breve

Sotero

VB: Bom Dia Victor.
Vamos todos ficar à espera para ver este filme.
Com este teu poder todo, vamos crer que vais conseguir “arrumar” com estes pseudos-políticos que governam e querem governar este País.