domingo, 24 de abril de 2011

Voo 2295 MAS QUE SONHO O MEU NESTA PÁSCOA!?...




António Loureiro
Fur.Mil.PA
Figueira da Foz





Dá-me licença senhor Comandante


Era uma Base Aérea que, graças ao rigor do Comandante na prossecução dos objectivos definidos e às parcerias que tinha com alguns Aeródromos debaixo da sua alçada, as continhas andavam sempre certinhas e direitinhas.
Havia disciplina, asseio, operacionalidade e rigor, muito rigor.
Esta última parte é causava uma "pele de galinha" naqueles que entendiam que os Aeródromos não eram preciso para nada, só estorvavam e era uma maçada ser destacado para lá.
Aos poucos, esta tese, em surdina, foi ganhando alguns adeptos e apesar de alguns zuns, zuns, não foi levada muito a sério.
O Comandante, pessoa séria e bem intencionada, procurava desvalorizar os ditos zuns zuns a fim de não ter que tomar medidas desagradáveis e assim, não dar pretexto aos arautos das "facilidades" para inflamarem mais os seus seguidores.
Mas nada adiantou, quando pensava que estava tudo controlado, saiu-lhe o tiro pela culatra.
Os revoltosos, deixaram o pobre o homem entrar no gabinete do Comando e zás, entraram de rompante, prenderam-no e meteram-no na casa das ratas.
Como nem todos os militares estavam com os revoltosos, o chefe da operação, depressa verificou que havia necessidade de colocar um Oficial de prestígio à testa da coisa e para isso, com alguma argumentação, convidou um militar vaidoso, que por acaso não gostava muito do Comandante deposto, a Comandar a Unidade e ele, como até via mal, de imediato aceitou.
Foi uma festa, a soldadesca, a maioria, logo deram largas à sua fértil imaginação, perderam o respeito pelos Oficiais e Sargentos e como estavam em maioria, ninguém tinha mão neles e depressa fizeram saber às populações vizinhas do que se estava a passar.
A coisa foi de mal a pior, depressa entraram dentro de muros para satisfação da sua curiosidade natural e toca de beber uns copos com aquele pessoal que os iria livrar do ruído dos aviões que há muito os incomodava.
Os supostos superiores, para não ficarem mal na fotografia, acharam por bem entrar também naquele "jogo" maluco que, se a coisa desse para o torto, poderia ter consequências mais do que previsíveis.
Foi o fim do mundo, os Comandantes dos Aeródromos, não perderam tempo e começaram de imediato a exigir que as suas Unidades passassem a a ter o estatuto de Bases Aéreas, os civis, por sua vez, entendiam que não eram preciso Bases Aéreas nenhumas e o melhor era acabar com a tropa e passar as instalações ao tráfego civil.
Os mentores daquela ideia peregrina, ao principio, os heróis, começaram a perder o protagonismo e e foram-se "arrumando" uns aos outros e o Poder Instituído, como não sabia o que fazer com o cabecilha, acabou por enfia-lo também na prisão.
A coisa estava preta, alguns militares ainda tentaram lutar para que aquela exemplar Base Aérea não se desfizesse daquela maneira, mas era impossível, Oficiais, Sargentos e Praças não se conseguiam entender quanto ao melhor caminho a tomar, e o pior é que toda a gente comia e bebia todos os dias e o reabastecimento era o insuficiente para as festanças a que já estavam habituados.
Numa derradeira tentativa para salvar a Base, chamaram um Oficial de fora.
A tarefa não era fácil, tudo fizeram para o enganar, mas ele, como era uma pessoa inteligente e competente impôs condições: ou é como eu quero, ou vou-me embora e acaba-se a festa.
O efectivo, embora dividido, como não tinha que comer, acabou por aceitar as condições.
O "cabecilha" da rebelião acabou por ser solto.
Os Aeródromos fecharam e foram entregues ás autarquias para a aviação civil..
A Base Aérea, depois destes episódios, está mais para lá do que para cá, não tarda e fecha também.
O Comandante deposto, faleceu.
O Oficial que o substituiu o Comandante, acabou por falecer também sem honra nem glória.
O "cabecilha", magoado com tudo e todos, não diz uma p'rá caixa e quando menos se esperava, para admiração geral, acabou por reconhecer que valia mais estar quieto.
Os amigos e colaboradores do "cabecilha", para não perderem a face, logo começaram a gritar, ele está maluquinho da cabeça.
E quando acordei, estremunhado, dei comigo a pensar!!!
QUE PARVO QUE EU SOU
Mas onde é que raio eu já vi este filme

VB: Ó Loureiro, será que este caso se passou nesta Base? Bom, essa de me meterem na casa das ratas…não me lembro, mas…ainda gostava de experimentar.