Voo 2406 A AMBIENTAÇÃO DE UM PILOTO DE JACTOS Á GUERRA NA GUINÉ EM 1962.

Fernando Moutinho
Cap.Pil.Av.
Alhandra

1ª A minha "ambientação" ao meio que fui encontrar em Bissau quando para lá fui da primeira vez em Maio, Junho e Julho de 62, com o F-86F.
Devo dizer que ainda não havia "guerra", só demonstração de "força" para amainar a tempestade que se aproximava. Para além dos voos empreendíamos algumas passeatas locais para apreciar o meio ambiente e compreendermos o que nos rodeava. Para além de algum comércio, tudo o resto era demasiado "simples". A população para além de poucos europeus, incluía cabo-verdianos e as etnias locais. Uma visita rotineira - o Mercado e o seu cheiro característico.
Nessa fase ainda havia "balaios" de ostras ao "preço da chuva".
Foi nesta fase que comecei a habituar-me aos produtos locais. Recordo-me da célebre "mancarra" torrada artesanalmente acompanhada de cervejas de origem alemã.
As portuguesas, nessa época, "cá tem".
Adorava apreciar no percurso Bissalanca/Bissau a visão das palmeiras com as garrafas para recolha do sumo para o "vinho de palma". Recordam-se?
Na comissão iniciada em princípios de Julho de 1963 como lá estive mais tempo aprendi a apreciar a fruta local.
As minhas primeiras mangas com sabor e cheiro a terebentina, retiradas das árvores que ornamentavam a cidade. Com o conhecimento adquirido e como fiquei a "adorar" esse fruto, experimentei várias qualidades com relevância para a chamada "manga da Índia" - grande, sem fios e quando bem madura comia-se à colher. Nunca mais voltei a saborear esta manga.

E, o que dizer da "pêra" do cajueiro?

Aqueles frutos devidamente espremidos davam um sumo delicioso e com características medicinais. Aparecia em Fevereiro. Em frente ao Hospital Militar havia uma boa extensão desses arbustos.

Ainda lá encontrei os ananases indígenas, como eu lhes chamava. Eram muito mais pequenos que os abacaxis mas, mais doces e muito mais gostosos.
Pena haver tão poucos.

Um abraço

Moutinho

VB: Bom-Dia Fernando.
Saudamos a tua aterragem nesta Base depois de algum tempo de ausência.
É sempre uma alegria muito grande para nós quando abrimos a torre de controle e deparamos com um pedido de autorização para aterrar nesta base de um dos seus mais celebres e experientes pilotos da FAP.
Os nossos olhos brilham e o ego regista estas magnificas histórias passadas ao tempo em que muitos de nós nem sonhavam vir a ser membros da tua família, FAP.
Obrigado por nos deliciares com estas tão histórias.