Manuel Dâmaso
Sargº.Môr Paraqª.
Azeitão
Gozei as minhas merecidas férias, regressei mais renovado e continuei a comandar o 2.º
Pelotão, nestas funções tomei ainda parte na Guarda de Honra que a CCP 121 fez à recepção da chegada do novo Governador da Província, General Bettencourt Rodrigues em 21 de Setembro de 1973.
Legenda:General Bettencourt Rodrigues passando revista à CCP 121 que lhe foi fazer Guarda de Honra à chegada,
Foto: H BCP 12
A actividade operacional tinha abrandado muito, enquanto estive de férias a Companhia só fez uma operação conjuntamente com a CCP 123.
Comandei o Pelotão até 01NOV73, data em chegou um Alferes para o comandar, participei na Operação “Leopardo” de 15 a 17 de NOV73, em Madina do Boé em que participaram as CCP 121 e CCP 122, consistiu em levar uma equipa de fotógrafos ao local onde diziam que tinha sido declarada a Independência, mas quem lá foi disse que não havia lá nada, nem indícios não há dúvidas que filmaram foi noutro local e não em Madina do Boé.
Legenda:Hélis estacionados em Dulombi no decorrer de uma Operação
Foto:Cortesia de Luís Dias
Desta vez não fui como operacional, fui como responsável pela logística da Companhia, no dia 15 fomos jantar e dormir a Bafatá, pela manhã arrancámos até Dulombi em viaturas auto, a minha Companhia ficou de reserva em Dulombi, já lá tinha estado 4 anos antes em 1969, naquele tempo eram uns buracos no chão improvisados, sem condições nenhumas, foi onde tive o meu primeiro ataque nocturno junto do arame farpado, (ver o meu primeiro ataque nocturno e o vinho da discórdia) desta vez deparei-me com um Aquartelamento novo com boas condições de habitabilidade.
Como já fiz algumas referências a Dulombi, tanto no “Meu primeiro ataque Nocturno” como no “ Vinho da Discórdia”, Julgo que devo esclarecer que os militares daquele tempo, pertenciam à CCAÇ 2446 que tinha como Divisa, ALEA JACTA EST que segundo alguns tradutores poderá querer dizer o seguinte:“ Os dados estão lançados” ou “A sorte está lançada”, talvez por isso, não tiveram muita sorte, tiveram muitas baixas, também se comentava na altura que funcionavam um pouco à sorte, isto sem querer fazer juízos de valor porque só convivi com eles em Dulombi por períodos curtos, nunca saí com eles para o mato, apenas vi no terreno, um local onde eles tinham tido um encontro com os guerrilheiros do PAIGC, em que estava tudo arrasado por acção do tiroteio.
Aos que ainda sejam vivos, deixo um abraço solidário.
Não me recordo que meios de transportes utilizamos tanto na ida como regresso de Bissalanca para Bafatá, entre 15 e 17NOV73, enfim é a erosão natural dos anos, espero que algum camarada que lá tenha estado nesta data nos Hélis, Noratlas e Dakota, me possam avivar a memória.
Legenda:Vista aérea da Tabanca de Dulombi, com o Quartel em fase de construção
Legenda:Vista aérea do Quartel de Dulombi em 1972
Foto:Cortesia de Luís Dias
Legenda:Estrada que liga Galomaro a Dulombi, é ladeada por árvores agora com mais 40 anos têm grande porte, fiz este trajecto várias vezes numa das vezes a CCP 123 sofreu seis feridos por acção do rebentamento duma mina Anti-carro
Foto: Cortesia de Luís Dias.
Legenda:Uma viatura Unimog virada por acção de uma mina na picada de Galomaro/Dulombi tendo como resultado um ferido grave, o condutor
Foto: Cortesia de Luís Dias
Legenda:Cratera provocada pelo rebentamento de uma mina AC, durante vários anos os militares que circularam nesta picada foram confrontados com este flagelo.
Foto:Cortesia de Luís Dias
Legenda:A Tabanca velha de Dulombi agora, em 1969 tinha o mesmo aspecto, à primeira vista parece que o tempo não passou por aqui, não houve intenção de desvirtuar o aspecto geral.
Foto:Cortesia de Luís Dias
Legenda: Ruínas do Quartel de Dulombi nos dias de hoje por aqui passou o tempo e não só.
Foto: Cortesia de Luís Dias.
O Sr. Comandante ficou por cá até Janeiro data em que regressou para entregar o Comando, andava de olho em mim, a primeira coisa que fez foi ver qual a minha situação e sabe-se lá porquê, transferiu-me para a CCP 121, em 03JAN74,ficando a desempenhar as mesmas funções, não percebi que gozo é que lhe deu tal atitude, Paz à sua alma.
Ele entregou o Comando em 20JAN74, assim que embarcou para cá o novo Comandante no dia 25JAN74 transferiu-me novamente para a então CCS, tudo isto sem eu ter sido visto nem achado, a Tropa tinha destas coisas sem nexo.
O nosso “contencioso” passou, mais tarde já no desempenho das minhas funções na Radiologia no Hospital da Força Aérea, ainda lhe fiz alguns exames e posteriormente solicitei os seus serviços de causídico.
Já agora a título informativo, iniciei as minhas funções no inicio do BCP 12 em Dezembro de 1966 como chefe da Secção de Transportes Auto no posto de Furriel, desempenhei por mais duas vezes esta função como segundo sargento e primeiro-sargento e passados cerca de oito anos, tempo de duração do Batalhão, estava a desempenhar a função de Chefe do Pelotão de Manutenção de Material Terrestre e Transportes Auto no posto de 1.º Sargento, nos intervalos desempenhei outras funções como já foi relatado, fui contemporâneo dos Comandantes do BCP 12 e dos Governadores desde 1966 a 1974 pertenci a à BA 12, de 17NOV66 a 15DEZ66; Companhias do BCP 12, respectivamente:
CP de 15DEZ66 a 18ABR68; CMI de 20MAR69 a 29MAI69; CCP122 de 29MAI69 a (1) 06NOV69; CMI de 06NOV69 a 14ABR70; CCP 121 de 14ABR70 a 11JUN70; CCP121 de 18NOV72 a 28DEZ73; CMI de 28DEZ73 a 03JAN74; CCP121 de 03DEZ74 a 25DEZ74; CCS de 25DEZ74 a 27AGO74.
(1) Embora pertencendo à CCP122, fui destacado para a “CCP 123” desde 08JUL69 a 30SET69 tendo estado sediado em Bafatá, Galomaro e Dulombi.
Quase me atrevia a dizer que fui recordista do tempo de permanência no BCP 12, cerca de quatro anos e meio, Unidade que apesar de todos os maus momentos por que passei, muito me orgulho de ter pertencido, à qual dei o meu contributo modesto para a sua construção, fazendo assim parte da sua História.
Legenda:Mais um pôr de sol é sempre igual, vai-se o sol fica a penumbra, deixa sempre a esperança de melhores dias.
Foto:H BCP 12
A. Dâmaso
Voos de Ligação:
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