Augusto Ferreira
2º Sargº.Melec./Inst./Av
Coimbra
Caros amigos, de acordo com informações que nos vão chegando, o que resta das instalações do nosso ex AB7 em Tete, irá desaparecer nos próximos tempos.
A notícia não é agradável, para quem por lá deu o seu melhor, durante todos os anos da sua existência como aeródromo.
Como é sabido, o início da construção do AB7 no lugar de Chingodzi, na margem esquerda do rio Zambeze, a cerca de 10 kms da cidade de TETE começou em 1962.
Em 1966 Inicia a sua actividade com unidade militar, introduzindo a sua guarnição e equipamentos.
O ano de 1968 é o ano em que inicia as suas operações com as Esquadras 701 – Moscardos ( T6 e DO27 ), 702 – Escorpiões ( FIAT G91/R4 ) e 703 – Vampiros ( Alouette III).
É também melhorada a segurança do seu perímetro neste ano.
Em 1975 por efeitos da Independência de Moçambique a unidade é extinta.
A partir deste ano a Frelimo, a quem já vinha a ser passada, parte das funcionalidades básicas do aeródromo desde finais de 1974, assume o controle do espaço.
Funcionou como base da Força Aérea de Moçambique desde essa data, tendo vindo a sofrer um bombardeamento da Força Aérea da Rodésia do Sul em 1978, que destruiu totalmente os Hangares existentes, assim como outras infraestruturas.
Em 2002 o Ministério da Defesa N. Moçambicano com o apoio da Gabinete de Plano do Zambeze, lançam as premissas para a criação da Escola de Formação Profissional de Chingodzi, no que resta das instalações do ex AB7.
Em 1968 é criada a dita escola, que tem por missão formar pessoal militar e civil, nas áreas da construção civil, mecânica, agricultura, tecnologias da informação/comunicação e ainda instrutores e condutores de automóveis pesados.
Para quem por lá passou e se lembra da Machamba, que tínhamos à entrada do Aerodromo, que era um Oásis naqueles anos de AB7, hoje por efeito da acção desta escola, existem grandes plantações de algodão, árvores de fruto e produtos hortícolas nesta zona.
O Aeroporto civil de TETE que ainda nos tempos do AB7, tinha o seu terminal do lado das nossas instalações militares, no ano de 1973 começou por construir uma gare e depois mais tarde as suas actuais instalações, do lado oposto em relação à pista de aterragem.
Foram feitos recentemente melhoramentos e actualizados equipamentos no actual aeroporto.
Contudo nos últimos temos, com a descoberta de um importante jazigo de carvão de pedra, que se encontra por debaixo desta planície do Chingodzi, tudo leva a crer que todo este complexo será destruído, em detrimento da exploração do minério.
Depois de consumada esta acção, vai ficar guardada seguramente só na nossa memória, a parte física do AB7, assim como todo o esforço e dedicação que disponibilizámos nestes anos das nossas vidas (alguns a sua própria vida), em defesa da segurança e desenvolvimento de Moçambique.
Grande abraço para o comandante V. Barata, assim com para todos os Zés Especiais e amigos da nossa Linha da Frente.
Até breve
Augusto Ferreira