João Sousa
Esp.OPC
Braga
Victor, Staff e Tertúlia: espero que esteja tudo bem com vocês!
Relativamente ao Voo 2523 do Victor Sotero devo acrescentar que, quando cheguei ao AB3 em Agosto de 1971, tive a preocupação, logo nos primeiros dias da minha "estadia" nesta Base Aérea e afins, de fazer um apanhado do perímetro paisagístico da mesma.
Como o Sotero diz, existiam alguns palmares na área circundante ao AB3, principalmente aquele que ficava abaixo das nossas camaratas depois da "VCE - Via de Cintura Externa". Havia também extensas plantações de abacaxi.
Como ele refere, o Vinho de Palmeira logo após a recolha era agradável com alguns cubos de gelo - na sanzala do Toto, no Quimbo do João (bar) havia um frigorífico a petróleo que congelava uma cerveja em 8 minutos! E da máquina de fazer gelo lá em cima, próximo da lagoa do Toto? Recordam-se? E digo isto porquê?
Porque, no AM32 - Toto (AM dependente do AB3), existia um palmar adjacente ao mesmo, muito bem tratado pelo pessoal nativo. Não me lembro de quem era propriedade (produzia a nível industrial).
O Sotero refere, ainda, que o nativo fazia cortes na palmeira para escoamento da seiva (à semelhança com a árvore da borracha). Tudo bem, mas... Cada terra com seu uso...
No Toto, como o palmar estava em constante mutação (leia-se poda), as palmeiras mais antigas eram abatidas desde que não produzissem em quantidade o chamado coco dem-dê(*) (mais ou menos assim).
Para a extracção do Vinho de Palmeira (no Toto dava pelo nome de malave ou malavi, talvez devido a outro dialecto), os nativos cortavam a parte superior da árvore abatida (a mais tenra) e metiam uma bacia ou equivalente para recolher o "precioso nectar". Bebia-se directamente ou metia-se em frigorífico (para atrasar o processo de fermentação) não mais de 24 horas.
Escusado será dizer que quando bebi o primeiro copo fiquei a ver palmares, palmeiras e palmeirinhas! África no seu esplendor! Lua Cheia! Batuque! Fogueira! Pato(?) assado na brasa, funge e molho picante de dem-dê! Buummm! Tudo isto se passou na sanzala do Toto. O Soba desta sanzala era um indivíduo que nutria grande simpatia pelo pessoal da Força Aérea. Nunca tivemos problemas com ninguém!
Relativamente às cabaças para armazenamento do mesmo, não sabia da existência desta variedade para tal aplicação. No AB3 nunca bebi malufu/maluvo ou malave/malavi! Obrigado, Sotero!
Em relação às memórias fotográficas, seguem algumas do Pedro Garcia que, de momento, não tem possibilidade de contacto. São fotos que estão em meu poder desde tempos mais recuados. Por acordo verbal fui autorizado a publicá-las. Se algo estiver incorrecto, agradecia a correcção. Obrigado, Pedro.

F1 Legenda - O Pedro Garcia em S. Salvador do Congo. Era um dos OPCs que fazia destacamento móvel. Pedro: que é feito do "Cabecinha Pop" (Vaz)?
Foto: Gentilmente cedida pelo Pedro (direitos reservados)

F2 Legenda - Pedro em Zala.
Foto: Gentilmente cedida pelo Pedro (direitos reservados)

F3 Legenda - No Toto.
Foto: Gentilmente cedida pelo Pedro (direitos reservados)

F4 Legenda - Pedro: quem é o pai dus minino?
Foto: Gentilmente cedida pelo Pedro (direitos reservados)
Fico-me por aqui. Saudações aeronáuticas!
João Sousa
(*)O DENDÊ é um fruto produzido pelo DENDEZEIRO (Elaeis guineensis), também conhecido como palmeira-de-óleo-africana, aabora aavora, palma-de-guiné, palma, dendém (emAngola), palmeira-dendém ou coqueiro-de-dendê, é uma palmeira originária da Costa Ocidental da África (Golfo da Guiné).
VB: Ó João, que me dizes a irmos beber um copinho de aguardente de cana agora? Ai é cedo?! Já a bebeste mais cedo e com menos cede!!!