A FAP homenageou no dia 7,as nossas “QUERIDAS ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS:
Isabel Rilvas, a primeira mulher para quedista de Portugal explica assim como foi criado corpo de Enfermeiras Páquedistas:
"Em 1955, o contacto pessoal com as enfermeiras Pára-quedistas da Cruz Vermelha Francesa, despertou-me o sonho de formar em Portugal um corpo semelhante, que pudesse ser útil, tanto na Metrópole como no Ultramar.
Em 1956, obtive o brevet 1º grau de pára-quedismo civil no Centro Nacional de Pára-quedismo Biscarrosse, em França. Em 1957, obtive o brevet 2º grau de pára-quedismo civil no mesmo Centro. Em 16 de Janeiro de 1957, realizei o primeiro salto em Tancos.(...)
Em 1959, obtive o "Certificat d'Instructeur em Sol de Parachutismé" no mesmo Centro.
Entretanto, eu frequentava em Lisboa a Escola de Enfermagem das Franciscanas Missionárias de Maria, tendo como directora a madre Imaúz, Senhora de grande cultura e com um espírito muito aberto, tanto que até foi capaz de me compreender e apoiar .
Em 1961, já eu tinha casado e vivia na cidade do Cabo, por despacho do então Secretário de Estado da Aeronáutica, Coronel Kaúlza de Arriaga, criou-se o 1º Curso de enfermeiras Pára-quedistas. Eram todas colegas da minha escola, algumas da minha aula, à excepção de uma que era da escola de Enfermagem das Irmãs de S. Vicente de Paulo, onde aliás ela própria me tinha convidado em tempos para fazer uma conferência acerca do que eram as enfermeiras pára-quedistas.
A 6 de Junho de 1961, o corpo de enfermeiras pára-quedistas iniciava em Tancos a instrução técnica e física para o pára-quedismo e uma forte preparação militar e conhecimentos de ordem geral, para poderem ser integradas na respectiva hierarquia.
A 8 de Agosto do mesmo ano, concluía-se o 1º curso de enfermeiras pára-quedistas.
As "seis Marias", como Ihes chamaram então, receberam em Tancos a Bóina Verde e o Brevet de Pára-quedismo, sendo graduadas na patente de Alferes.
Em 15 anos realizaram-se 9 cursos, constituídos por um total de 46 enfermeiras.
Pelas suas funções, assistiram feridos nos locais de combate, tendo estado debaixo de fogo com muita frequência. Efectuaram centenas de evacuações aéreas entre as ex-Províncias Ultramarinas e a Metrópole, dentro do próprio território africano para os hospitais e também de Goa e de Timor , acompanhando os feridos de guerra, doentes, familiares e crianças. Trabalharam no Hospital Militar Principal, Hospital da Força Aérea na ilha Terceira, Açores, e, quando este foi extinto, no Hospital da Força Aérea em Lisboa, nos Hospitais de Luanda, Lourenço Marques, Nampula, Guiné e nos postos médicos das tropas pára-quedistas, das Bases Aéreas, nas respectivas Províncias e na Metrópole. A sua acção era prestada aos três Ramos das Forças Armadas, bem como aos civis.
A minha sentida homenagem às duas enfermeiras que faleceram: a enfermeira Celeste, que morreu de acidente na Guiné, ao ser atingida pelo hélice de um DO 27, quando se preparava para embarcar a fim de fazer uma evacuação; e a enfermeira Nazaré, do 1º curso, que morreu de doença em Lisboa em Maio de 1984. Com ferimentos graves, conta-se apenas a enfermeira Cristina, 2º curso, que foi alvejada por um tiro na cabeça quando fazia uma evacuação de feridos, no regresso de Mueda.
Repetidas vezes elas têm afirmado publicamente que não fizeram mais do que cumprir o seu dever. Com a simplicidade e a modéstia das heroínas, marcaram para sempre um lugar que nunca se apagará na memória dos que socorreram ou a quem salvaram a vida, e da Pátria que tanto honraram."