quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Voo 2669 PARECE ANEDOTA!...





Victor Sotero
Sargº.Môr EABT

 Lisboa





As minhas saudações ao “Comando”, à “Linha da frente” e a todos os “Zés” que por aqui nos vão espreitando.
Na aldeia de “Picanços”, para os lados de Entre Douro e Minho, o frio é intenso chegando por vezes a temperaturas negativas.





O ti “Zé” que foi um especialista da Força Aérea dos tempos áureos da “heróica aviação”, já conta com alguma idade.
Tinha-lhe valido para esta época, a lenha que durante o Verão conseguiu com alguma dificuldade cortar.
Cá fora, junto ao “carrascal” ainda se amontoavam grandes toros de madeira e alguns cepos de árvores.
Por vazes, para o cumprimentar  e dar meia dúzia de palavras passava pela casa do ti “Zé” o José Teixeira, um “Zé” especialista que tinha sido de Comunicações e muito estimado pelas gentes da terra.
As conversas, por vezes, iam parar à Ota, ao Major Tomás, ao Tenente Mineiro e ao “Zé” que recebia cartas da namorada endereçadas ao “Soldado Recruta Aluno Piloto Aviador”.
Enfim, recordações!...
-Então ti “Zé” ainda tem lenha para o resto do Inverno?
-Lenha tenho, mas quem é que ma corta? Eu já não tenho forças e a minha mulher também não pode. Este ano é que vou passar frio com tanta lenha lá fora!
-Deixe estar que eu vou tratar do assunto. Vou ver se arranjo gente para a cortar.
Matreiro como sempre, a caminho de casa, o “Zé” Teixeira lá imaginou uma cena que não lembrava ao diabo.
Já em casa, pegou no telefone e discou o numero do telefone do posto da G.N.R. localizado na aldeia vizinha de “Folhos” que dista de “Picanços” cerca de cinco quilómetros, tendo logo sido atendido pelo Comandante do posto, o Primeiro Sargento Fernando Castelo Branco, que o conhecia vagamente.
-Comandante, é só para o informar que no monte de lenha junto ao “carrascal” do ti “Zé”, aquele que foi da Força Aérea, no meio dos cepos e dos toros de lenha, deve de haver muita droga escondida. Ao cair do dia os rapazes andam sempre por lá. De certeza que há por lá droga.
-Eh...pá, obrigado. Hoje não podemos lá ir, mas amanhã de manhã, lá estaremos. Não diga nada a ninguém.
Tendo ficado surpreendido pela  informação, o Comandante reuniu os militares a quem contou o que se estava a passar e pediu três voluntários que rapidamente se ofereceram, ou não fosse apanágio da própria G.N.R..
O nosso cabo João Carlos Silva foi o primeiro, logo seguido do nosso cabo Fabrício Marcelino  e ainda pelo nosso cabo José Ribeiro.
Manhã cedo já carregavam o geep com machados, serras e algumas alavancas de ferro.
Esperaram ainda alguns minutos, pois o Comandante entregava o comando do posto provisoriamente ao Sargento Augusto Ferreira.  

Meteram-se a caminho da casa do ti “Zé” . Fazia frio que rachava!...
Descarregaram do geep os machados e as serras e vai de começar a partir e a cortar lenha na ânsia de encontrar o “produto”.
Ao fim da manhã já toda a lenha estava cortada sem que tivesse sido encontrada qualquer “substância” escondida.
Os rapazes da G.N.R. estavam desmoralizados. Escorria-lhes pelo rosto o suor.
Tristes, voltaram a carregar os machados e as serras bem como as 
alavancas e regressaram ao posto com o sentimento de que tinham sido enganados. Mas como provar?
De tarde, o José Teixeira pegou no telefone e ligou para o ti “Zé”.
-Então? A lenha foi toda cortada?
-Eh pá...foram uns “gaijos” porreiros. Cortaram-me a lenha toda e foram-se logo embora. Nem esperaram que lhes tivesse agradecido.
Despeço-me do “Comando”, da “Linha da frente” e de todos os “Zés” com o desejo de um ano 2012 muito feliz.
 Sotero
 Nota.:- Todos os militares do posto da G.N.R. de Folhos” foram “Zés” Especialistas da Força Aérea.

VB: Mais uma linda história nos contas, Victor.
E os personagens…parece que já ouvi falar neles em algum lado.

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