Curiosidades da Guiné I
Em Maio de 1962 fui cumprir um período de 3 meses no Destacamento dos F-86 em Bissalanca.
Nos primeiros dias de Julho de 1963 até fins de Fevereiro de 1965, cumpri uma Comissão normal.
A minha vivência na Guiné resume-se, portanto, a estes períodos e algumas passagens por Bissalanca efectuadas em missões em Nord Atlas. Algumas destas passagens e missões das OGMA já foram efectivadas após independência.
Foram ocasiões diferente mas, o pequeno período entre o Destacamento e a Comissão revelaram-se muito interessantes sob, o ponto de vista de evolução.
Só ocorreu um ano mas as diferenças foram muitas.
Fenómeno observado nos tais 3 meses: “Invasão de insectos”
Numa tarde, quase na fase inicial do período da época das chuvas, estávamos 3 aviadores sentados a uma mesa do Hotel Pireza, em Bissau, apreciando mancarra e beberricando uma cerveja alemã, a “poortuguesa” estava ausente, quando nos apercebemos de um silêncio “esmagador”, a rua deserta, todos tinham desaparecido e portas todas fechadas.
Quando constatávamos esse ambiente, sem saber a que se devia, começamos a ouvir umas vibrações sonoras, sumidas mas aumentando de intensidade. Então alguém do Hotel, disse-nos para entrar rapidamente. Assim fizemos. Fechou de imediato a porta e, logo de seguida, o céu escureceu e uma vaga de insectos de vários tipos e tamanhos caiu sobre a cidade.
Tal como apareceu, a “nuvem” animal afastou-se tendo deixado uma camada impressionante de bichos caídos no solo, ainda mexendo, mas em fim de vida.
Comentando o sucedido, ficamos a saber que, não sendo um fenómeno corrente já era suficientemente conhecido.
Foi um fenómeno que não esqueci e que não voltei a assistir.
Continuando no ano de 1962.
Os locais respeitavam certas regras vindas do passado como, por exemplo, andarem calçados em Bissau.
Observei muitas vezes o pessoal, descalço, transportando uns pequenos chinelos debaixo dos braços que utilizavam dentro da cidade.
Já no período de 1963 a 65, senti que esse hábito se desvaneceu.
Outra vez, junto a Bissalanca vejo um elemento local nu mas com algo a tapar os órgãos genitais que, não era mais nem menos que um bocado de pneu de bicicleta colocado na vertical e preso à cintura.
Faltou-me a máquina fotográfica para poder documentar essa “tanga”.
Outra vez, dentro da cidade, um rapaz bem constituído, para além de trazer uma túnica de tecido branco, tipo lençol, apresentava no seu braço uma lata de conserva, sem tampa, amarrado com um fio de pele. E, o interessante, mostrava vaidade pela indumentária e respectivo adereço.
Fernando Moutinho