quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Voo 2718 A CAÇADA.



Victor Sotero
Sargº.Môr EABT
Lisboa





Meu Comandante:
Saudações ao “Comando”, à “Linha da frente” e a todos os “Zés” que por aqui nos vão visitando.
Os dias estavam completamente ocupados.
Após as horas normais de serviço, o Arantes tinha conseguido um part-time na empresa de camionagem do UIGE. Eu, reestruturava o armazém de uma loja que vendia de tudo mas que não tinha qualquer controle sobre o que se encontrava em armazém.
À semelhança da minha especialidade, com fichas da Força Aérea, fiz o que me pareceu melhor. Entradas e saídas de material do armazém para a loja. Tinha que haver controle dos artigos . O “Zé” Espanhol Marques, também de Abastecimento fazia a escrita das vendas. Era, por assim dizer, o gestor da firma....e se comprássemos um um jeep para a caça? Serviria também para dar alguns passeios.
Namoramos e compramos a um fazendeiro do N’gage um jeep Willyx a gasolina já com alguma idade.
Na SMMAT, arranjaram-se dois pneus já usados mas ainda em bom estado para rodarem nas picadas e não só. (Lembro-me que o Comandante da SMMAT era o Tenente Marcelino).
E a gasolina?
No hangar da manutenção, trabalhava o “Zé” Ribeiro, um angolano de Camabatela a quem meses antes lhe tinham saído cerca de cem contos no Totobola, e que pertencia à minha camarata, a célebre camarata 6.
-Ribeiro, arranjas gasolina no hangar da Manutenção para o jeep da caça? Parece-me que o D.O. 3435 vai amanhã para AFSFP. É que o material ainda não veio de Lisboa.
Junto à noite, o Ribeiro encostava o jerry cane às torneiras de purga e rápidamente a gasolina entrava para dentro do depósito do jeep onde já se encontrava alguma da chamada normal.
Fazia-se uma mistura e claro que o jeep trabalhava bem. Parecia renovado e pronto para a caça.
O Ribeiro, sempre que quisesse, faria parte da equipa que normalmente era constituída por cinco pessoas. Duas pessoas seriam quase sempre rotativas porque havia sempre “pessoal” em espera para ver como se caçava.







Legenda: Esquerda / Direita (cima) Ribeiro, Mirandela e ? (P.A.)

Em baixo:Sotero e Arantes




De noite, durante as caçadas, não se falava. O Mirandela, um rapaz do exército que estava colocado na Anti-aérea, era normalmente o condutor. Conhecia muito bem os sinais que eu lhe fazia com o foco de luz. O Arantes, o atirador.
Quando nos deslocávamos para  picadas que ficavam mais afastadas da Base, ao passar pelas sanzalas, íamos sempre ter com o “soba”. Queríamos saber se a “situação” estava calma. Depois, fazíamos o convite para nos acompanhar. No
regresso, ficava sempre com as tripas de alguns animais que apesar do cheiro, dava sempre para grandes petiscos para a sanzala.


VB: Boa Noite, temos que louvar o teu verdadeiro espírito ESPECIAL, pois apesar do momento menos bom que atravessas, não deixas de manter acesa a vela que ilumina esta nossa unidade.  

Sabemos também, que infelizmente a situação para que estes  desgovernantes nos atiraram, em nada motivo que recordemos o nosso passado militar. È com grande mágoa que o digo, mas não me alongo mais, não quero ser “Bobo da Côrte” para aqueles que mesmo vendo a degradação das famílias Portuguesas, ainda continuam a mater a sua fidelização política, independentemente da sua cor.