Victor Sotero
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Sargº.Môr EABT
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Lisboa
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Saúdo o “Comando”, a “Linha da frente” e todos os “Zés” que nos vão
“espreitando”.
Estamos na altura mais propícia para a caça.
Estação seca ou “cacimbo” que mais ou menos começa em Maio/Junho e se
prolonga mais ou menos até quase ao fim do ano.
O capim está seco parecendo palha e está com cerca de dois metros de
altura. No cimo, alguma passarada fêz os seus ninhos.
Com este capim é quase impossível ver-se alguma caça.
Bem longe da base, há que fazer queimadas quando o tempo o permita tendo em
atenção os ventos que por vezes se fazem sentir.
Torna-se assustador e até aterrador quando o fogo é largado e rapidamente
avança pelo capim fora fazendo-se então ouvir o estralejar provocado pelo fogo.
Pouco tempo depois, tudo está verde, dando lugar a um novo ciclo de vida. A
caça aproxima-se da clareira provocada pela queimada, “fugindo” assim dos sítios
onde há mais humidade.
Na base, um DO-27 vai entrar no hangar com a prioridade A/ANCE- Antecipada
Aeronave Não Completamente Equipada.
É altura de entregar ao “Zé” Ribeiro ou ao “Zé” Tavares dois Jerry-cans
para “sacar” alguma gasolina do DO, que rapidamente entra no Depósito do nosso
jeep juntando-se a gasolina normal previamente comprada na vila.
Amanhã há caça.
Um soldado da P.A., era agora o nosso condutor a quem dei conhecimento dos
sinais que lhe haveria de fazer quando estivéssemos em pleno “campo de acção”.
Acompanhava-nos o “Zé” Ribeiro, eu, o farolinador e o Arantes, o atirador.
Completamente equipado e abastecido, eis-nos a caminho da clareira onde
três semanas antes se tinha provocado a queimada.
Antes, ainda teríamos que passar pela aldeia para levar o Soba. Com ele, sabíamos
que se houvesse problemas, estes seriam menores. Ia-mos mais descansados.
Picada fora e já se nota o cheiro intenso a cinza.
Com o farolim, dou uma mirada rápida pela clareira. Era ainda cedo. Vamos
andar um pouco mais lentos. Outra mirada e...muito ao longe, um par de olhos
muito brilhantes. Fiz sinal para parar o jeep e rapidamente dirigi o foco de
luz novamente para o animal. Estava muito longe. O animal começou a correr. Fui
encurtando o foco de luz na sua frente reduzindo a distância. Deu algumas
voltas em redor do jeep pela clareira ao mesmo tempo que a distância se ia
tornando mais curta. No jeep, silêncio absoluto. O corso estava quase à
distância de um bom tiro mas deu ainda mais uma volta. Desliguei a luz por
breves instantes. Tinha parado e estava na nossa frente a cerca de sessenta
metros. Para o atirador ver melhor o ponto de mira, dei-lhe também iluminação.
Apenas um tiro. O animal tinha "caído" na nossa frente.
Foi um momento emocionante porque o corso estava muito longe e eu trousse-o
com a luz ao ponto ideal para o tiro certeiro.
Legenda: O regresso da caça.
Foto: Victor
Sotero (direitos reservados)
Legenda: Há que aproveitar a pele, a cabeça e as patas.
Foto: Victor Sotero (direitos reservados)
Despeço-me meu “Comandante”.
Despeço-me do
“Comando”, da “Linha da frente” e de todos os “Zés” que nos vão vendo por aqui.
Até breve
Sotero
Adj.Com.: Bom-Dia Sotero.
Mais um presente do que um especialista de EABT, fazia para provisionar, cabeças, peles, patas e carne para os petiscos.
Mais um presente do que um especialista de EABT, fazia para provisionar, cabeças, peles, patas e carne para os petiscos.
Ou seja a secção de abastecimentos
sempre de prontidão.