


“Elas”
Elas são 46 e são portuguesas.
Começaram por ser 6 Marias, em 1961...e foram as primeiras mulheres a fazerem
parte das Forças Armadas Portuguesas, graduadas em Alferes, com um forte treino
militar e Curso de Paraquedismo.
Receberam a 08 de Agosto de 61 o seu brevet de paraquedismo e a sua boina
verde.
Durante 15 anos foram ministrados 9 cursos e formaram-se um total de 46
Enfermeiras-Paraquedistas.
Actuaram nos três T.O. Ultramarinos (Angola, Guiné, Moçambique) de 1961 a 1974.
“Fazia parte das funções das enfermeiras pára-quedistas assistir feridos nos
locais de combate, tendo estado, por isso debaixo de fogo com muita frequência.
Efectuaram centenas de evacuações aéreas entre as ex-Províncias Ultramarinas e
a Metrópole, dentro do próprio território africano para os hospitais e também
de Goa e de Timor, acompanhando os feridos de guerra, doentes, familiares e
crianças. Trabalharam no Hospital Militar Principal, Hospital da Força Aérea na
ilha Terceira, Açores, e, quando este foi extinto, no Hospital da Força Aérea
em Lisboa, nos Hospitais de Luanda, Lourenço Marques, Nampula, Guiné e nos
postos médicos das tropas pára-quedistas, das Bases Aéreas, nas respectivas
Províncias e na Metrópole. A sua acção era prestada aos três Ramos das Forças
Armadas, bem como aos civis.”
No passado dia 10 de Junho, foram convidadas de honra e justamente homenageadas
por centenas de ex-combatentes junto ao Monumento que evoca os combatentes
caídos na Guerra do Ultramar Português, em Belém.
Pelo que cada um deles conta da sua experiência a seu lado, nunca serão demais
as honras que lhe atribuam, porque se é comum dizer, nos cânticos que sempre
entoam que “...boinas verdes sobem aos céus”, estes “anjos” desciam! E desciam
nas horas mais críticas, sempre profissionais e com uma palavra de consolo a
tantos e tantos.
Ah como seria o mundo tão mais justo, se as honrarias que ontem se atribuíram à
“haute couture” de primeiras damas...lhes fossem colocadas ao lado das “asas”
que lhe ornam o peito!
Para elas o meu (e de milhares de portugueses, tenho a certeza) mais profundo
agradecimento e reconhecimento.
Elas, estas "Marias", sim...merecem-no!
Origem do Voo:
Elizabete Gonçalves