Voo 3531 CRÓNICA DA CHEGADA A BISSALANCA

António Fiche
MRÁDIO
Montijo

Depois de uma longa viagem de DC6 lá cheguei a Bissalanca depois de uma escala no Sal... isto na manhã de 20nov70.

Assim que saí do avião senti aquele ar quente e sufocante a que não estava habituado...

Como se costuma dizer, primeiro estranha-se depois entranha-se e passado pouco tempo já estamos ok!

Estavam muitos “velhinhos” à espera dos “periquitos”... e a perguntarem quais as especialidades...

Alguém de Rádio? ... Rádio...!
E era só eu de Rádio!
–Vens de Tancos! Eu sou o Grilo, e és o meu substituto!

E assim começou a minha comissão... apresentações, saber onde ficava (na camarata que tinha sido atingida com estilhaços no ataque à base que tinha ocorrido anteriormente, e a cama era a que estava encostada a essa parede

e que o colchão da dita também tinha sido atingido!?) Será? Ou era para assustar o novato!

Uma coisa é certa, na parte de fora lá se viam uns buraquitos na parede.

Depois mais tarde o Grilo pergunta donde sou... de Montijo e ele muito admirado… coincidência, disse também que era de Montijo e que haviam mais alguns de lá e se eu não os conhecia: o Ribeiro, o Sousa, o Angélico, o Dimas, o Crespo e o Batista, (estes dois últimos já falecidos)... Não os conhecia porque desde poucos meses de idade fui viver para Lisboa...

E assim ficou esclarecido, e foi preciso vir para a Guiné para conhecer estes meus conterrâneos e grandes amigos até hoje, e de vez em quando lá nos encontramos numa almoçarada para nos lembrarmos do “quarto do Montijo” para onde passei, depois de alguns meses a dormir na dita camarata dos estilhaços.

“FOMOS ESPECIALISTAS, SOMOS ESPECIALISTAS, SEREMOS SEMPRE ESPECIALISTAS”

Caro comandante e amigo Victor Barata aqui te envio esta minha primeira crónica que espero seja do agrado dos companheiros. Saudações e um abraço!

ANTÓNIO FICHE

MRÁDIO