Victor Sotero
Sargº.Mor EABT
Lisboa
Saúdo o “Comando”, a “Linha da frente” e
todos os “Zés” que através desta “Base” nos vão visitando.
No Mundo completamente conturbado em que vivemos com guerras, injustiças,
faltas de amor, lembrei-me de “imaginar” um país e escrever uma pequena
história, o meu “Conto de Natal”.
Ano de 2020
A Igreja daquele país e as pessoas,
estão prestes a passar as horas mais agitadas de toda a história . Aproxima-se
o choque inevitável do povo com os militares.
Mês de Dezembro, 24.
Toda a terra se transforma dia após dia
num manto de neve maravilhosamente extenso e belo.
As pequenas aldeias povoando a imensa estepe cobertas de gelo por todos os
cantos aquecem o corpo e alma daquelas pessoas que vão esperando.
É numa pequena cabana que vivem, sofrendo todas as amarguras ocasionadas pela
escassez de meios, uma velhinha e sua neta, cujos corações vagueiam no
infinito.
A vida é amarga naquele lar. Nele se
desenrola lentamente o drama de uma Cruz, e à medida que os dias vão passando,
diminuem os géneros na dispensa, escasseia o correio e até mesmo a lenha para a
fogueira vai sendo pouca. A velha senhora chora dolorosamente a sua desdita.
Naquele dia algo de anormal se passou. Para a velha avózinha era a morte que
avançava a passo célere. Para a neta, era porém uma luz de esperança que
renascia.
Pelo seu pensamento num frémito de entusiasmo passou uma imagem.
É véspera de Natal.
Recordou-se das palavras do avô. Recordou-se que lá longe, na Igreja, o velho
sacerdote costuma distribuir roupas e alguns alimentos aos que mais necessitam.
Fita a avózinha...não pode mais. Naquela Igreja está a sua esperança.
Tem que trazer para a avó um consolo... e parte, contra a neve...contra o
vento...contra o frio...desliza no imenso oceano gelado...faltam-lhe as forças
mas ela não pode desistir.
Levanta o olhar e vê uma luz...talvêz a da Igreja e corre ainda mais em
direcção aquele ponto. Os olhos recusam-se a acreditar no que vêem. A Igreja
está transformada em fortaleza militar.
Já não há sinos. Nos seus nichos há agora canhões. No lugar da Cruz...o
sacerdote “dorme” no seu sonho.
Grossas lágrimas correm pelo rosto da menina.
...e naquela noite, não houve “Ceia de Natal”.
Despeço-me meu “Comandante”.
Despeço-me da “Linha da frente” e de
todos os “Zés” que nos rodeiam.
Até breve
Sotero
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