Fernando Miranda
Enfermeiro
Oeiras
Hoje dia 10 de Fevereiro de 2021 faz 48
anos que partistes,ficaram muitas saudades, muitas lágrimas têm corrido
sentindo a tua falta, nunca te esqueci meu amor, nem esquecerei, lembro as tuas
brincadeiras, o teu sentido de humor, o tua amizade ao próximo e o amor que
dedicávamos um ao outro.
Vivemos um ano em companheirismo, fomos
muito felizes, visitamos outras Ilhas, fomos convidados para vários convívios,
bebemos uns copos, éramos felizes, naquela ilha Terceira e principalmente no
Hospital da Terra Chã, a quem chamávamos a nossa casa
Partimos no final de 1971, tu com
destino á Guiné, eu com destino a Moçambique, ficamos uns dias em Lisboa,
ficamos na casa de uma colega nossa que era como nossa irmã, ( ainda o é)
passeamos embora com muito frio, mas que importava o frio se nós sentíamos
calor.
Á noite fomos ao Casino Estoril, e eis
que não te deixaram entrar tínhamos 26 anos, mas tu eras uma miúda e tiveste de
mostrar o Bilhete de Identidade, eras sim a minha miúda, no dia seguinte eu
parti no Boeing 707 FAP com destino a Moçambique a despedida foi no Figo
Maduro, mas estávamos felizes mesmo com a separação.
No ano seguinte 1972, começaram as
cartas e contávamos tudo o que nos ia na alma um ao outro, nem tudo eram rosas,
mas tínhamos força para enfrentar tudo sem lamentos, eu no BCP31 Moçambique tu
no BCP12 Guiné
Tirei o curso de Pára-quedismo para um
dia o podermos fazer os dois o salto e dar as mãos nas alturas, filo em
pensamento num futuro vindouro.
Vivíamos de pensamentos, de ideias, no
entanto chegou 1973, no primeiro Mês tudo era igual, o amor continuava e as
saudades eram cada vez mais, mas com a nossa força e a pensar que cada dia nos
faltava menos para nos abraçarmos. A nossa missão que tínhamos de a cumprir da
melhor maneira e isso ninguém nos pode acusar de o não fazer.
Longe de mim o que se aproximava, muito
mas muito longe, receber a notícia do trágico acidente no dia 10 de Fevereiro
de 1973, pela 13,15 horas, sábado fatídico, foi uma luz que se apagou e posso
dizer que até hoje continua apagada., as cartas recebidas não mais foram
abertas, não valia a pena, e assim vão ficar, não pude dizer-te um adeus,
DESCULPA AMOR, não foi por falta de vontade minha. Foi a guerra que o impôs é
só Deus sabe o que o meu cérebro pensou e ainda hoje pensa.
Quando visito a tua sepultura onde estás
inumada na companhia da mãe que te foi fazer companhia 17 anos depois e agora
também a companhia da tua irmã (TERESINHA) deficiente e que algumas vezes
falamos e que tanto te preocupava, já está junto a ti á cerca de nove meses,
descansem em PAZ.
Hoje sou um amigo de São João de TAROUCA
Sabes amor, tenho tantas coisas para falar
contigo, reserva um lugar ao teu lado para podermos falar de tudo o que não foi
dito e agradeço do coração a força que me tens enviado para continuar a viver,
encontrar gente boa, nessa terra que gostam muito de Ti.
Toda a despedida é triste, mas nenhuma
dói tanto como aquela que sabemos que não tem retorno.
Um beijo meu amor,
estejas onde estiveres.
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