domingo, 15 de fevereiro de 2009

790 FAP APÓS STRELA E A HOMENAGEM DA ADFA.


João Carlos Silva
Esp.MMA BA 4
Sobreda da Caparica

Companheiro Victor, Companheiros da Linha da Frente.
Após muitas leituras de tudo o que na primeira pessoa se tem escrito sobre o tema Guiné 65/74, cada vez mais sinto necessidade de juntar a minha opinião a este tema para enaltecer a acção da FAP nesse conflito, pois, felizmente, temos tido diversos testemunhos que reforçam esta ideia. Quando refiro a acção da FAP, refiro-me desde os Pilotos aos Especialistas, passando pelas Enfermeiras Pára-Quedistas, de todos a missão era Nobre.
Os diversos testemunhos que têm vindo a lume, parecem-me claros sobre as acções desenvolvidas, seja no apoio aéreo às tropas no terreno, seja nas evacuações.
No entanto, enquanto relativamente a uma primeira fase não parecem existir dúvidas, já tem surgido alguma polémica, especialmente noutros fóruns, relativamente à acção da FAP após os primeiros ataques com mísseis Strela e às lamentáveis baixas daí resultantes.
Apesar de não ter vivido esses momentos, sinto a necessidade de me juntar a todos os companheiros da FAP que viveram de perto esses acontecimentos. Para tal é "simples", basta referir algumas mensagens recentes.
Refiro que são testemunhos emocionantes para quem os lê, pois são relatados por quem os viveu directamente e que demonstram bem os esforços e perigos por que passaram.
Começo pelos testemunhos do Cor. Pilav Miguel Pessoa, especialmente na mensagem 770 em que nos trás um documento impressionante sobre missões da esquadra 121 enfrentando os ataques dos Strela.
Por este tipo de informação, fica claro o tipo de ameaça a que a FAP foi sujeita, mas que continuou a voar após Strela e quais os ajustes introduzidos nas operações face à nova realidade. Já o Cor. Pilav Miguel Pessoa tinha anteriormente feito referência às suas cerca de 400 missões, mesmo considerando o seu período de recuperação após ter sido abatido sobre o corredor do Guileje, ora isto claramente não foi deixar de voar.
Os testemunhos do Ten. Gen. Pilav António Martins de Matos que também descrevem bem operações nesse período.
Os próprios testemunhos do "nosso" Víctor Barata que esse período também viveu, dos nosso companheiros, por exemplo, dos Helicópteros (Canibais e Lobo Mau).
Seguramente, mais ainda irão chegar ao nosso conhecimento.
Não quero de modo nenhum minimizar o sofrimento de quem necessitava do apoio da FAP, tento apenas perceber com base nas mensagens que tenho lido e particularmente nas que refiro.
Ora os ajustes obrigatoriamente introduzidos nas operações após o aparecimento do míssil Strela, podem perfeitamente estar na origem de uma percepção diferente da presença da FAP pelas forças terrestres que tanto necessitavam do seu apoio. Além disso, cada pedido de apoio é sempre o mais urgente para quem o solicita e os recursos disponíveis nem sempre possibilitam atender a todos.
O próprio período a partir de 1973 terá sido mais complicado e difícil para todas as NT envolvidas e daí também as forças no terreno estarem mais necessitadas, e com uma percepção diferente, do apoio que vinha do Ar.
Agora pelos testemunhos que li, o apoio continuou a existir, num período mais crítico e perigoso para todos os envolvidos.
Como as minhas leituras me têm levado também ao blog Luís Graça & Camaradas da Guiné, neste ponto, ressalvo com uma ponta de emoção a mensagem do ex- Fur. Mil. Op. Esp. J.Casimiro Carvalho (também existe uma mensagem no "nosso" blog) que de forma franca se dirige ao Miguel Pessoa e descreve aqueles difíceis momentos da perca de comunicação com o FIAT e a ansiedade para participar nas buscas ao piloto Miguel Pessoa.
É um depoimento puro, bonito, emocionante.
Obrigado por ter partilhado os factos e as emoções desses difíceis momentos.
Refiro também os depoimentos do ex-Alf. Mil. António Graça de Abreu que é inexcedível no reconhecimento sentido que dá às acções e aos elementos da FAP.
Enfim, creio que não restam dúvidas quanto à valorosa acção da "nossa" FAP no TO.
Se ainda as havia, li a mensagem da ADFA que pretende realizar um almoço/homenagem aos Pilotos e Mecânicos que estiveram na Guiné.
Que se pode dizer mais além do que o Víctor Barata referiu no "nosso" blog?
Atitude nobre da ADFA para com esses elementos da FAP, reconhecendo, por parte de quem tanto sofreu, a importância da sua acção.
O Víctor Barata muito bem refere a necessidade da inclusão das Enfermeiras Pára-Quedistas nesta homenagem.
Espero que ao lerem este meu comentário, o façam entendendo que não consigo dissociar dados objectivas das emoções e de utilizar a minha própria cabeça para pensar (como referia o Ten. Gen. Pilav António Matos noutro fórum, há pessoas que têm essa nefasta tendência) e tirar as minhas próprias conclusões.
"De Nada a Forte Gente se Temia".
Saudações Especiais a todos os companheiros desta Linha da Frente e aos visitantes deste espaço,
João Carlos Silva, MMA,
Jaguares (FIAT G-91), 2ª/79
VB: João a tua verdadeira dedicação à causa FAP,é uma mais valia,para nós mais velhos,sabermos que temos que de continuidade a esta tão nobre Família.
É impressionante e louvável analise perfeita e sensata que tu consegues fazer,baseado nos escritos que vamos fazendo neste simples mas significativo espaço.
Gostava que todos nós, que partilhamos os momentos difíceis que tu,felizmente,não viveste e tão bem os interpretas,manifestássemos aqui a opinião a este teu precioso documento.