quinta-feira, 19 de março de 2009

VOO 867 O FIAT G-91 R/4 5407.





Arnaldo Sousa

Esp. MMA, 1972, Guiné
Lisboa

Li o post 821 do companheiro João Silva, onde colocava a interrogação sobre a possibilidade do avião 5407 que caiu na Guiné em 1967, ter sido exposto na FIL quando dos 50 anos da FAP. Embora já tenha havido uma resposta, por parte dum bloguista (1), gostava de acrescentar alguma coisa. Na realidade estava lá exposto um avião com o número 5407, mas logicamenAdicionar imagemte não era o que caiu na Guiné!

A FAP recebeu em Dez. de 1965, 40 G91-R4 (2) dos quais alguns começaram a operar na Guiné (esquadra 121) a partir de Abril de 66, pelo motivo dos F86 terem de regressar por exigência da NATO. Estes aviões adquiridos em estado novo à Alemanha, receberam matrículas numeradas de 5401 a 5440 .



Linha da Frente FIAT G-91 R/4 na BA12,o Arnaldo durante a inspecção ao avião.
Fotos: Arnaldo Sousa (Direitos reservados)


Primeiros pilotos de Fiat que foram á Alemanha frequentar curso:
• Maj.PIlav Armando dos Santos Moreira,
• Ten.PILAV Fernando de Sousa Moutinho *
• Ten.PILAV Egídio Avelino Lopes
• Ten.PILAV José Lopo Tuna
• Alf.PILAV José Fernandes Nico
• SAj.PIL M. Cardoso
• SAj.PIL Godinho
• 1º Sar.PIL Guerra
*Primeiro piloto da FAP a tripular um FIAT G-91

Fonte: http://callsignafp.blogspot.com/2006/08/fiat-g91-ncleo-inicial-de-pilotos-1965.html


Depois do 25 de Abril, a Alemanha em 1976, quando deixou de usar este tipo de avião, e ao abrigo de contrapartidas militares, entregou a Portugal 70 G91/R3 e T3 (bilugares) (3), todos em estado usado, tendo alguns dado o seu estado, sido utilizados para treino de bombeiros.
O Fiat foi projectado e construído em Itália, pela Fiat Aviação, actualmente Aeritália. Na Alemanha a FLUGZEUG-UNION SUD em consórcio com a DORNIER, MESSERSCHMITT e HEINKEL sob licença Fiat também construiu aviões Fiat.
Os modelos R4 possuem 4 metralhadoras Browning de 12,7 mm e os R3 apenas dois canhões de 30 mm, sendo a sua distinção à primeira vista fácil.
Ora, a FAP ao receber em 1976 aviões usados da LUFTWAFFE , (F.Aérea Alemã) teve de lhes atribuir uma matrícula, e atribuiu-lhes números de cauda a partir de 5441 e até 5474, aos T3 bilugares de 1801 a 1811. Na FAP o primeiro algarismo da matrícula tem um código (4)que no caso de 54 o 5 significa avião de caça, no caso dos T3 cujas matrículas começavam por 1, o significado era avião de treino.





Tabela de nº de série FIAT G-91 R/4 (FAP e ex-Luft.)
Fonte: Internet, pertence ao livro - G91 20 anos na FAP de Mimoso Carvalho/Luís Carvalho.



FIATs G-91 R/4 em Formação


Os Fiats foram abatidos definitivamente em 1993 (5), não tendo ficado nenhum em condições de voo, embora tivessem sido feitas diligências junto do EMFA, por parte de um piloto civil, que também foi piloto da FAP e voou em Fiat, no sentido deste ceder um avião para certificação civil. Parecia estar tudo acertado, inclusivamente a FAP oferecia o material sobressalente e de apoio existente. Os contactos com as entidades aeronáuticas civis foram feitos, e tudo parecia ir correr pelo melhor, se não fosse o CEMFA ser substituído, o que obrigou tudo a voltar à estaca zero. Uma grande parte dos aviões foram desmantelados para o ferro velho, e outros doados para exposição estática em diversos pontos do país. No estrangeiro, existem diversos aviões militares a voar em instituições civis, que os preservam e dignificam ! Em Portugal o Museu Aerofénix que é um organismo civil, tem um T6G em restauro para voo (6).

Só queria salientar que a adaptação de pilotos e mecânicos, ao G91 na década de 70, era realizada na BA5 em Monte Real. Os pilotos depois de transitarem dos T37,e T33 voavam em Fiat a "solo", havendo, salvo erro, também um simulador. Portugal nunca possuiu nenhum T3 (bilugar), a não ser a partir de 1976. No caso dos mecânicos, era necessária a frequência de um curso técnico de adaptação a este avião, conhecido como MTU. Neste curso eram estudados ao pormenor todos os sistemas e características do avião e motor, e para passar havia testes escritos!. Em Monte Real existiam dois ou três Fiats, todos os restantes estavam colocados em África.

JC: Arnaldo, partindo das matrículas envias-nos mais informação histórica sobre o FIAT G-91, mais um contributo para o nosso conhecimento e para o “nosso” blog.

Motivaste-me a fazer alguma pesquisa (penso que essa também é uma virtude dos testemunhos que cada um decide partilhar), assim, tomo a liberdade de incluir algumas notas que considerei de interesse para o tema que nos trazes.

No entanto, porque é que se apresenta (“representa”, como diz o Mário Diniz) uma aeronave com um número de matrícula diferente do que originalmente lhe foi atribuído em Portugal? Porque o número que se apresenta tem um significado especial?

Saudações Especiais


Notas da responsabilidade de JC:
(1) Mário Diniz, seguidor do “nosso” blog no post 838 “Identificação do FIAT G-91 R/4”
(2) O FIAT G-91 entrou ao serviço, pela primeira vez, na Base Aérea 5 (BA 5), Monte Real, em 4 de Dezembro de 1965 e foi utilizado na Guiné, a partir de Abril de 1966, onde serviram na Esquadra 121-Tigres na BA 12, Bissalanca; em Moçambique desde os finais de 1968 formando a Esquadra 502-Jaguares situada no Aeródromo Base 5 (AB 5) em Nacala, também a Esquadra 702-Escorpiões formada em 1970 no AB 7 em Tete Chingosi e ainda destacamentos em Nampula no Aeródromo de Manobra 52 (AM 52) em 1972, em Porto Amélia e no AM 51 Mueda, para além de outros destacamentos não permanentes no AB 6 Nova Freixo, AM 61 Vila Cabral e BA 10 Beira. Chegaram ainda a servir em Angola, nos finais de 1974, na Esquadra 93-Magníficos, substituindo os Republic F-84G, na BA 9 em Luanda... è Fonte:
http://walkarounds.home.sapo.pt/
(3) Após os conflitos ultramarinos, como fruto de negociações e acordos entre Portugal e a Alemanha, viriam a ser entregues, de forma progressiva mais G91, não só na versão R/4 mas também, nas versões R/3 e T/3.
Em território Nacional tiveram uma breve passagem em 1965-66 pela Esquadra 51-Falcões (a operar os F-86F Sabre), apenas para treino de pilotos, e estiveram colocados na BA 3 em Tancos, na BA 4 nas Lajes-Açores ao serviço da Esquadra 303-Tigres e na BA 6 no Montijo, constituindo a Esquadra 301-Jaguares onde viriam a ser retirados de serviço a 27 de Junho 1993. O último voo operacional realizou-se a 15 desse mês na BA 6, tendo voado os FIAT G91 R/3 Nº5458 e Nº5448 e o FIAT G91 T/3 Nº1806. è Fonte:
http://walkarounds.home.sapo.pt/
(4) O historial dos códigos, ou sistema de números de série, nas matrículas identificadoras pode ser consultado no site Portuguese Military Aviation (embora não esteja a ser actualizado, está activo e é um importante repositório de informação histórica sobre o tema) è
http://www.geocities.com/CapeCanaveral/Hangar/9376/serials.htm
(5) Consultar Post 496 “Encontro de Pessoal da FAP” onde está o artigo “FIAT G91 5445 – O Último Guerreiro”
(6) Quantos ex-especialistas não estariam disponíveis para participar num projecto deste tipo?
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