Luís Santos
1ºCbºEnfº FAP Tete
Agualva-Cacém
Chegados ao Hospital da Terrachã, vindos do Continente, BA2 Ota, estávamos expectantes quanto ao curso que íamos iniciar, muitas perguntas, estavam nas nossas cabeças.
Iríamos,ter coragem para enfrentar doentes, especialmente feridos de Guerra?
Iríamos desistir, porque não era na realidade aquilo que esperávamos?
Eu escolhi enfermagem, por convicção e porque sempre, desde pequeno, inventava feridas, para fazer o curativo a mim mesmo, pondo pensos rápidos onde não havia nada a curar. Por outro lado, com os animais , fazia a mesma situação e como não tenho medo de nenhum animal, em África, onde vivi desde os meus 3 anos até á data de ir para a vida Militar, em Luanda, quando ia á caça, com colegas meus, armados de fisgas, para irmos aos pássaros,por vezes, caçava sardões, se ficavam feridos, ia logo fazer-lhes o curativo, pondo-lhes ligaduras, á volta da cintura, com mercuriocromo, e levava-os para casa, e punha-os em cima do muro do quintal que a nossa casa tinha.
Mas voltando ao inicio, lembro-me tão bem como se fosse hoje, acabados de chegar ao H.M.B.A4, fizemos formatura, estava o medico Oficial de dia, que depois nos apresentou ao Dr Garrett, já falecido.
Palavras de boas vindas do Dr Garrett:Então vocês vem para tirar o curso de enfermagem?!
Não sei se sabem que ser enfermeiro, é exercer o sacerdócio, requer um esforço de vossa parte, é ter coragem para enfrentar situações, que as vezes podem impressionar, e vocês tem que estar preparados, é ter dedicação ao próximo, o enfermeiro, não tem horas para nada, a qualquer momento, pode ser chamado, para dar assistência a quem mais precise, e preparem-se, que no ultramar, a vossa missão é bem mais complicada.
Entretanto trocamos olhares uns aos outros, ficamos pensativos, Os Sargentos Enfermeiros, abeiravam-se de nós para nos conhecerem, Cabos Enfermeiros etc.
A um dado momento,o Dr Garrett, disse: vão lá para a camarata, vistam estas batas e já que querem ser enfermeiros, irão assistir a uma limpeza cirúrgica, a uma osteomelite, que é uma infecção infecção óssea, com perda de tecido ósseo.
Chegados ao bloco operatório, eu encostei-me á parede, caso me fizesse impressão e desmaiasse, a queda seria pequena.
Tirada a ligadura da perna do paciente, comecei por ver uma fístula a meio da perna, que a enfermeira, começou a tirar um dreno seguido de compressas e mais compressas, não sei de onde saíram tantas. Fez-se a desinfecção e lavagem com soro fisiológico e procedeu-se a noiva dose de medicamentos, drenos e de novo compressas, de novo ligaduras.
Assim, foi a nossa primeira prova de coragem e baptismo para o inicio do curso.
Um abraço para todos
Luís Santos Ex. 1º Cabo Enfermeiro AB7 TETE
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