HOMENAGEM AOS COMBATENTES DO CONCELHO DE MAÇÃO FALECIDOS NO ULTRAMAR.
A Câmara Municipal de Mação promoveu no passado dia 25 de Abril uma Cerimónia de Homenagem e inauguração do Monumento aos Militares Mortos no Ultramar naturais do Concelho.
Foram quatro os momentos que marcaram a Cerimónia. Pelas 15 horas teve lugar uma Missa de Sufrágio pelos Combatentes falecidos. Após a Missa seguiu-se em cortejo acompanhado pela Banda da Filarmónica União Maçaense da Igreja até ao Cine-teatro.
No Cine-teatro decorreu a Cerimónia que contou com a participação de José Manuel Saldanha Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Mação, do Arquitecto José Eduardo Varandas dos Santos, em representação do Presidente da Liga Central dos Combatentes; do Major-General Luís Manuel Pais de Oliveira, em representação do General Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas; do Coronel de Cavalaria Viriato César Coelho do Amaral, Comandante da Escola Prática de Cavalaria de Abrantes; do Tenente-Coronel José Esteves Fernandes, Presidente do Núcleo de Abrantes da Liga dos Combatentes, de José Carlos Gueifão, Membro da Comissão Organizadora da Homenagem aos Mortos no Ultramar e de Maria Natália Manso Saraiva Caldeira, em representação dos familiares dos Combatentes Mortos no Ultramar.
O monumento, projectado pelo Arquitecto da Autarquia, Ricardo Cabrita, é evocativo dos Combatentes na Guerra do Ultramar e de homenagem aos filhos do concelho que aí perderam a vida. O muro simboliza o concelho e as pedras embutidas, uma – a que tem o comprimento total do muro – representa aqueles que à presente data homenagearam, e as outras aqueles que desta terra partiram correspondendo o corte de cada uma das pedras à quantidade de meses – a distância em milímetros do topo do muro até à base do corte – e dias – a diferença em milímetros do comprimento da base e do topo do corte da pedra – que passaram desde a morte de cada um até à presente data, fixada esta no topo do muro.
Natália Caldeira,irmã do nosso companheiro Alferes Pilav., Francisco Lopes Manso, falecido em Junho de 1970, na Guiné, quando o helicóptero que pilotava, se despenhou, em Mansoa, arrastando para a morte a Delegação de Deputados da antiga Assembleia Nacional Popular, que seguia a bordo e que se encontrava em visita oficial àquele território, sob administração portuguesa,em representação das famílias dos militares falecidos,fez a sua intervenção lendo o seguinte texto:
Boa tarde Povo do Concelho de Mação!
Exmas. Entidades Oficiais, Senhor Presidente da Câmara de Mação, Senhor Arquitecto responsável pelo Monumento de Homenagem!
Hoje, todos nós aqui presentes e os que por impossibilidade apenas estão connosco em pensamento, sentidamente nos reunimos para evocar e honrar a memória dos Combatentes que tombaram ao serviço da Pátria na Guerra do Ultramar. Particularmente, os Combatentes do nosso concelho.
Quem eram afinal estes nossos Combatentes da Guerra do Ultramar cuja memória hoje evocamos e honramos?
Eram os nossos jovens portugueses que abruptamente foram arrancados ao seio da sua família para servir a Pátria. Uma geração que deu os melhores anos da sua juventude, das suas vidas, apartados do convívio dos seus entes queridos, para lá longe servir a Pátria.
Foi uma Nobre geração que durante 13 longos anos sofreu na alma este desígnio. Mas também sofreram as suas Mães, Pais, Irmãos, Avós, Mulheres, Filhos, Namoradas, Amigos, enfim, as famílias destes jovens, sofreram e sofrem até hoje, tantos anos passados.
Duro e longo Inverno de 13 anos em que pelas inóspitas Picadas, pelos Céus, passando pelos Rios e Mares, estes jovens portugueses se entregaram pela sua honra, pela honra da sua Pátria que juraram defender, até perderem o seu bem mais precioso, a Vida.
Paz às suas Almas.
Como nunca pudemos, nem podemos, nem queremos esquecer, hoje aqui com amor, respeito e dor, evocamos e honramos a memória dos nossos jovens Combatentes que tombaram ao serviço da Pátria na Guerra do Ultramar. Por eles dizemos Presente.
Permitam-me uma menção ao meu Irmão Alferes Piloto Aviador Francisco Lopes Manso que, em 25 de Julho de 1970, no rio Mansoa tombou quando estava em missão honrosa transportando deputados nos céus da Guiné e cuja memória, assim como de todos os seus outros Camaradas de Armas, aqui e neste monumento, para sempre fica perpetuada, perante os seus Conterrâneos e perante Portugal.
Em memória desses Camaradas de Armas que, pela belíssima definição do escritor António Lobo Antunes, significa: "Camarada não é bem irmão, amigo, companheiro, cúmplice... é uma mistura disto tudo com raiva, esperança, desespero, medo, alegria, revolta, coragem, indignação e espanto, é uma mistura disto tudo com lágrimas escondidas". Os presentes não deixaram e, especialmente os vindouros não deixem, que o silêncio das suas mortes apague os feitos, a entrega e o sacrifício destes jovens portugueses.
É Nobre o Povo que Honra os Seus Mortos.
Bem hajam Senhor Presidente da Câmara de Mação e Comissão Organizadora desta Homenagem pelo esforço e trabalho dispendidos e por se terem lembrado deste nossos entes queridos que tombaram ao serviço da Pátria e até agora esquecidos .
Procedeu-se finalmente à inauguração do Monumento de Homenagem aos Combatentes na Guerra do Ultramar, onde estão inscritos os nomes dos 28 filhos do Concelho que aí perderam a vida.
Com o descerramento do Monumento, a Filarmónica União Maçaense interpretou o Hino Nacional, patrioticamente acompanhada pelos presentes, após o que,
os representantes da LC e do CEMGFA procederam à deposição de duas coroas de flores em memória dos homenageados.
As honras militares foram prestadas por um pelotão da Escola Prática de Cavalaria, terminando com o toque de “Homenagem aos Mortos”.
VB:Em tempos,mais concretamente no mês de Novembro de 2008,enviamos pela segunda vez à Liga dos Combatentes um pedido de justificação para o facto do nome do Alf.Pilav.Francisco Manso não se encontrar inserido no Monumento aos Militares Falecidos no Ultramar,implantado em Belém,Forte do Bom Sucesso,assim:
" Emos,Srs.
Os nossos respeitosos cumprimentos.
Vimos por este solicitar,mais uma vez,a vossa melhor compreensão no sentido de nos prestarem o devido esclarecimento ao Email que a seguir voltamos a endereçar-vos, o que já fizemos à uma semana:
"Email Enviado à Liga dos Combatentes:"
Emos.Srs.Somos um grupo de Militares da FAP que decidiram criar um espaço na internet designado por Blog e intitulado "Especialistas da BA12" reservado a todos aqueles que,independentemente da arma que serviram ou posto,quisessem recordar as suas passagens por terras de África quando Guerra Colonial, criando um local de encontro para aqueles que o destino, pelas mais diversas razões,afastou.
Surge-nos uma situação de a irmã de um companheiro,Alf.Pilav.Francisco Lopes Manso,falecido a 25 de Junho de 1970,em Mansoa,quando transportava uns deputados à Assembleia Nacional Popular,procurando, entre vários assuntos,o porque do nome de seu irmão não constar no Monumento Nacional aos Militares Falecidos no Ultramar,facto que também nos deixou interrogado.Gostaríamos de Obter de Vªs.Exªs. a resposta que vos seja possível para o sucedido,assim como o nome do referido piloto também não constar nas vossas listas de falecidos,publicada no vosso site.
Agradecidos desde já pela vossa prestação de esclarecimento,despedimo-nos com Saudações Aeronaúticas.
Victor Barata"
Até hoje não obtivemos qualquer resposta!
No entanto a Dª.Natália transmitiu-nos que,embora essa tão desejada resposta nunca tivesse chegado,o nosso apelo foi ouvido e vai ser concretizado,diz-nos a Srª o seguinte:
"Por ironia do destino, senhor Arquitecto Ricardo Manuel Martins Cabrita,representante do Presidente da Liga dos Combatentes e Responsável pelo monumento, que também foi militar e leu também um texto, quando descobriu na mesa que estava ali a irmã do Manso, veio ter comigo e disse - então é quem reclama que nome do irmão não está em Lisboa ? Sim,e disse que ele é que está a tratar disso. Pedi-lhe que se fosse possível ,que atenda o pedido do V/BLOG .
Como vê fiquei muito comovida, mas quando chegou a minha vez de ler bem alto o que me enviou esqueci onde estava e correu bem!!! "
Ontem dia 4,recebi uma carta da Dª.Natália que entre outros assuntos dizia-me o seguinte:
"Sr.Victor Barata:
Ontem telefonou-me o historiador,João Carlos Ary dos Santos e einformou-me que o nome do meu irmão,Francisco Manso,já está no Monumento aos Militares Falecidos no Ultramar,em Belém,numas placas ao fundo,do lado direito,em que diz:
-NOMES ACRESCENTADOS
e que se eu tiver paciência de contar quando lá for,é o nº179 a partir de cima"
Finalmente fomos ouvidos e o nome do nosso companheiro está local que lhe é devido.