sábado, 16 de janeiro de 2010

VOO 1417 SER OU PORQUE É QUE SE NÃO FOI ZÉ ESPECIAL.




Santos Oliveira
2ºSargº Mil.A/P Ranger Guiné
V.N.Gaia


Permissão de aterragem

Caríssimos Comandantes e Tripulantes que partilham esta Base. O olhar, com imensa nostalgia, o Postal do Junkers Ju52/3m, que o impagável Six, reproduziu no Voo 1415, ao ler o Comentário correspondente, do Comandante Victor Barata, ao constatar que nem todos os que o desejaram, foram Zés Especiais, ocorre-me narrar o facto, ou factos, que obstaculizaram o meu ingresso na Força Aérea Portuguesa e, estou bem seguro, de muitos Portugueses da época (alguns amigos de infância) igualmente foram vitimas da negação Familiar, para que tal fosse concretizado.
Assim, corria o ano de 1959. Com os meus 17 anos, sonhava com o Ar e com as máquinas com ele relacionadas, com o cheiro do óleo e a gasolina, com o vento na caro, com as sensações estranhas nas entranhas, aquando das perdas... Solicitei, por isso, á Força Aérea, informações das Condições de Admissão e aguardei.
Quando as informações chegaram, pelo Correio, eu não tive acesso imediato a elas.Tive, sim, a recepção que estava de acordo com a rígida, exigente e pesada disciplina Familiar da época, pelo que classificarei o nosso conhecido RDM (igual no conteúdo mas substancialmente diferente na sua aplicação dentro da Força Aérea e Exército), como um leve exercício disciplinar. Recordo a sova monumental, a última. Que bem me lembro! Foi-me vedada qualquer referência ao assunto Força Aérea, pois, seria necessária a respectiva autorização escrita de Familiar acreditado, e, essa, eu não a teria nunca.
Chegada que foi a Inspecção Militar, propus-me para a Força Aérea. Igualmente vi negado o meu desejo, agora por razões Orgânicas. No Final da 1ª Parte do meu Curso (Formação Básica), na EPI-Mafra, foi aberto Concurso para o Ingresso respectivo... O Comando da Escola (Cor. Ribeiro de Faria) nem sequer me permitiu concorrer e com a evocação solene (do então Major Jasmins de Freitas-Director de Instrução), de que seria "Infante até morrer". Mercê do Complemento de Instrução na parte do Curso Ranger, beneficiei do privilégio (não pelo caminho que desejei ou desejava) de estar no seio da vossa família, embora entrando pela ala lateral: o Batalhão de Caçadores Pára-quedistas, ao tempo, Comandado pelo Cor Paraqª.(ou Ten.Cor.???) Robalo.Aqui, avivam-se as saudades do Junkers, pois foi nesta aeronave de fuselagem peculiar que foi dado o meu salto inaugural.
Como eu, certamente centenas ou milhares de Companheiros, viram as suas Carreiras cortadas, sem motivo aparente, pelos familiares mais conservadores, o que, ao tempo, até se compreendia; hoje, seria uma completa aberração.
Aos que o são, aos que o desejavam ser, aos que foram impedidos por razões várias,a solidariedade e sobretudo a Camaradagem que sempre pontua cada acto do ser humano, o abraço, do Santos Oliveira


VB. Amigo Oliveira,lamentamos não poder publicar os exemplares que nos enviaste sobre as condições de admissão na FAP,mas os originais que nos enviaste,talvez pelo seu tempo,não são legíveis.
Pois amigo,não te deixaram concretizar as tuas paixões aeronáuticas,mas agora vieste cá parar.
Vale mais tarde que nunca!!!