quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

VOO 1468 OS PRIMÓRDIOS DAS COMUNICAÇÕES (I)



José Ribeiro
Esp.OPC Guiné
Lisboa




Prefácio
Sendo eu, ex-OPCOM da Força Aérea, onde exerci funções, 6 anos e mais 3,5 na actividade pública, e sabendo das dificuldades na formação de um operador de comunicações em pleno, isto é, ser possuidor de todas as especializações que constituíam o curso de operador de comunicações (radiotelegrafia, teletipo e cripto), sendo que por motivos operacionais muitos dos instruendos ficavam-se apenas pela primeira especialização (eram na mesma considerados operadores de comunicações).
Era fundamental, para se ter aproveitamento no curso possuir uma média capacidade auditiva, sem a qual não se poderia atingir os objectivos principais, que eram, na altura, o ter aproveitamento positivo na disciplina de “Morse” e nas outras que constituíam a parte curricular do curso.
No desenvolvimento do curso, e como muitos não conseguiam acompanhar a velocidade de recepção de mensagens, eram automaticamente excluídos do curso, independentemente do aproveitamento que tivessem nas outras disciplinas do curso, isto é, a capacidade auditiva funcionava como factor principal de exclusão do curso.
Também é verdade que para que as funções de operador (radiotelegrafia) fossem exercidas por pessoas com boas capacidades auditivas, isto para que as mensagens recebidas e transmitidas atingissem os objectivos para que foram escritas, o receptor e transmissor tinham que, em primeiro lugar, saber todo o código de Morse e depois que conseguisse distinguir o traço do ponto transmitidos a velocidades consideráveis, para assim constituir palavras e sucessivamente frases que constituem uma mensagem (escrito transmitindo uma ideia e/ou acção a executar, entre outras finalidades), justificando, assim, a utilização desse meio de transmissão e, mais tarde, outros em paralelo.
O homem da antiguidade sempre se preocupou, através de meios rudimentares, comunicar-se entre si, sendo que ao longo dos tempos foi inventando outras formas mais evoluídas de comunicação que satisfaçam as prementes necessidades da altura e em perspectivas futuras.
Hoje, constantemente somos confrontados com novas formas de comunicação à distância; satélites, redes de comunicações completamente inovadoras e com um aproveitamento que nos surpreende às vezes, sendo que, as novas tecnologias de comunicação de hoje, são derivadas das invenções de ontem. Por isso me lembrei de fazer este estudo.

Formas e meios de comunicação

1.Introdução

Na evolução das comunicações, há que considerar que o “Homem” no seu desenvolvimento, sempre quis estabelecer relações pessoais e interpessoais, de diferentes formas e com o intuito de encurtar distâncias mais próximas ou longínquas.

Para isso e dadas as suas necessidades evolutivas no tempo esse homem, sempre procurou formas diversas de comunicar com seres da mesma espécie, independentemente da diferença espacial onde se encontravam. Toda essa busca de como comunicar com a mesma espécie, levou a que inventasse meios rudimentares hoje, mas inovadores para o tempo. Essa procura desses meios de comunicação levou à descoberta de diversas técnicas inovadoras para o tempo.
De qualquer forma e segundo vários testemunhos “estudos feitos”, todas as comunicações encetadas tiveram e têm, ainda hoje, como objectivo primordial o encurtamento de distâncias físicas, fazendo jus a diferença do ser e a intenção de melhor se conhecerem aparte os objectivos persecutórias de base.
Da mesma forma e de forma evolutiva, esse “H” na sua forma de ser, procurou sempre relacionar-se, interligar-se e comunicar-se independentemente da distância a que se encontrava. Neste sentido, foi evoluindo no tempo em termos de descoberta de novos meios, para que disso tirasse os melhores proveitos possíveis.
Contudo, essas formas de comunicar foram, na antiguidade, mais materiais, ou seja, ou utilizando marcas em rochas (marcas de animais), ginete (¹) ou físicas, através de luz e os impulsos electrónicos, citando-se como exemplo, neste caso, a radiote- legrafia, sendo que hoje são utilizados meios mais sofisticados e evoluídos, como irei, em parte, referir e a que farei referência nos pontos seguintes.

2. Os primeiros meios de comunicação

2.1 – Serviço de correio (Ginete)

Nos primórdios da antiguidade, e especialmente nos grandes Impérios era necessário enviar mensagens importantes para um lugar afastado no menor espaço de tempo possível. Por tal facto, foram-se estabelecendo serviços de correio, cujas mensagens eram transmitidas por ginete que mudavam de cavalo em distância determinadas, com a finalidade de as passar com a maior rapidez possível, sendo que este meio de transmissão, seria a génese das comunicações à distância

(¹) Ginete, cavaleiros que combatiam de modo disperso e em constante mobilidade. (…).

Posteriormente começaram a ser utilizados sistemas de sinais à base de um meio de transmissão, através da utilização do facho e uma estação receptora provida com um painel com alfabeto grego e ordenado em 25 quadrados, onde eram marcadas as letras transmitidas.

2.2 – Facho e painel receptor (telegrafo gráfico)

Foram os gregos, Cleosenos e Demóclitos (século V antes de Cristo), que descobriram um modo “telegrafar” à distância e que consistia na utilização de fachos, sendo que e para a recepção do transmitido à distância, era preciso que houvesse uma estação telegráfica receptora e provida com um painel ordenado em quadrados e com alfabeto grego impresso.

(fig.1) Transmissão através de fachos



Em frente da estação receptora, nas ameias dos Castelos, como se poderá constatar na figura apresentada, eram acesas as tochas dos dois lados que conforme o número e posição, dava a conhecer qual era a letra transmitida e dela, em conjunto com outras, formava-se a mensagem recebida no seu conjunto.
Para que essa combinação funcionasse em pleno, a forma de transmitir tornava-se deveras trabalhosa e apenas poderia ser utilizado em pequenas distâncias. Era necessário que as estações estivessem situadas em sítios que fossem vistos de parte a parte.
Com a invenção da luneta, foi possível aumentar a distância entre estações e daí partir para a descoberta do telégrafo óptico.

2.3 – Telegrafo óptico

O telégrafo óptico foi idealizado em 1794 pelo francês, Claude Chappe, e teve muita utilização.

(fig.2) Telégrafo óptico

Fonte: “Enciclopédia Combi Visual”

A estação telegráfica óptica era constituída por um conjunto de semáforos comandados por cabos ou cordas, a partir do interior do edifício, sendo que os sinais transmitidos eram recebidos noutra estação por meio da luneta(2) e daí retransmitidos para outra estação e daí para outras sucessivamente.
Em França, no ano de 1844, havia cerca de 500 estações fixas, cuja extensão total era de cinco mil quilómetros aproximadamente.
A figura nº 2 mostra uma estação móvel utilizada durante a guerra da Crimeia.
No século passado e ainda hoje, mas somente como forma de recurso, se utiliza na navegação marítima, a transmissão de mensagens através de feixes de luz (leitura óptica), mas utilizando o “Código Morse”, a que, e no desenvolvimento, deste pequeno estudo irei fazer referência.

(2) Luneta, Instrumento óptico destinado a aumentar a imagem dos objectos que estão longe. Sendo que á diversas formas de lunetas.
VB.Este é um trabalho sobre comunicações que o José Ribeiro nos vai descrever e que passa peça sua actividade na FAP e pós-FAP.