quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
VOO 1504 A MINHA RESPOSTA AO SIX.
José Ribeiro
Esp.OPC
Lisboa
É um facto, ex-camarada de armas, Six, lembro-me bem da "cena" do aeroporto quando ele lá chegou; "o murro" ao "artista." Foi muito falado na Base e eu já lá estava quando isso aconteceu.
Quanto ao avião que explodiu, está tudo esclarecido.
No que se refere à farda, quando fui mobilizado tinha a amarela e somente passados, se não estou em erro, mais ou menos seis meses, recebi a azul, que as "bajudas" lavavam e lhe deram outra cor "cinzenta".
Assim, como o Six, também estive lá 21 meses, somente porque o meu irmão, operador de radar, meteu baixa quando foi nomeado, protelando a ida para a BA12.
Estranho que pareça, foi alojado num quarto de duas camas "não me lembro bem", se duas ou quatro, que pertencia ao operador de radar, Telmo Florência, da Galiza, São João do Estoril, Cascais, que foi desmobilizado.Anteriormente dormia numa camarata no enfiamento do bar e das cantinas antigas "não sei se depois mudaram de sítio".
De vez enquando éra-mos surpreendidos com ataques à Base simulados (os paraquedistas e PA, distribuíam granadas ofensivas por todos os sítios, de madrugada). O resultado em termos físicos não era o melhor, já que a valetas onde nós nos tínhamos de meter, estavam cheios de garrafas de cerveja, sendo que por tal facto alguns camaradas tiveram que receber tratamento na enfermaria.
De vez enquando ía com o filho do General, Diogo Neto, para o Pilão e aldeia de Bissalanca, beber umas "bujecas e acompanhadas com grogue", a ainda hoje me questiono o porquê de não dar bebedeira (já me encontei com ele).
Das minhas guerras, depois de desmobilizado da BA12 - Guiné, fui colocado no GDACI, hoje COFA, onde dormia e almoçava quando estava de serviço no Estado Maior da Força Aérea, na Avenida da Liberdade -LX, foi a de trajar à civil, o que acontecia na Guiné, e enquanto fardado fui surpreendido no elevador do EMFA, pelo Chefe de Estado Maior à civil, grande espectáculo. Começou por perguntar-me se eu era militar, a que eu respondi "...enquanto tiver isto no lombo, sou militar...", não sabia quem era o "bicho", a seguir pediu-me a identificação e só aí vi que estava metido em sarilhos, por tal facto, contei-lhe a estória das "bajudas" que lavavam a farda na Guiné e por tal facto já tinha perdido a cor azul para cinzenta. Com tudo isto safei-me da "porrada" e nós cabos de comunicações começamos a andar à civil, fora do período de serviço (trabalhava-mos por turnos).
No GDACI, como mais militaristas na altura, tinha-mos de andar fardados, outra luta tinha que ser encetada, aí estou eu mais uns ex-camaradas, (eu, José Ribeiro, Fernando Fernandes (Guimas), Sanches, falecido no Brasil, e Muacho, ex-bancário, que mora na terra do café (Alentejo), segundo me disse um "NANAMUE". Ganhamos a luta e enquanto éramos obrigados a esconder a farda no mato em Monsanto, fizemos a vida negra a dois artistas "um capitão e um sargento).
Tudo fizemos para ganhar a guerra e uma certa vez, com capote vestido, sapatos engraixados, camisa também bem passada a ferro, fomos pedir emprego a várias instituições, incluindo a ex-PIDE, sindicato da pesca de bacalhau e outros sítios que não me lembro agora. Foi um gozo de se ver e recordar, devido às respostas que nos eram dadas. Depois da operação, fomos para os "copos", mas já sem farda.
Uma coisa era certa, o pessoal de Monsanto não nos gramava, por nós podermos ir para o EMFA à civil, coisa essa que não era permitida no GDACI.
Ainda hoje me questiono, porque o que se diz rei de Portugal, em Monsanto, frequentava o Bar de Especialistas, mas não só, porque era acompanhado por um velhinha, diziam que ela era brasileira. Nunca cheguei a saber a verdade.
Porque o texto é longo, não sei se o amigo Victor, vai publicitar. São algumas passagens que me vêm à memória.
Cumprimentos especiais para todos.
JLRibeiro
Voos de Ligação:
Voo 1498 Divagações - António Six