sábado, 6 de março de 2010

VOO 1529 A VELOSOLEX.


António Dâmaso
SargºMorParaquedista (Refº.)
Odemira

SOLEX

Estava na minha segunda comissão na Guiné, ia almoçar a Bissau quase todos dias quando não estava no mato.Umas vezes ia nos transportes da Unidade, outras na minha viatura Peugeot 203 com motor de 403.Acerca desta viatura, comecei por abrir o motor para por segmentos novos, tal não era possível devido ao calo na parte superior do cilindro, entretanto tive conhecimento da existência de outra viatura da mesma marca mas 403, já fora de serviço mas que funcionava, lá fui ver e comprei por 2.000 Pesos.
Conduzi a viatura até ao local onde tinha sido a cozinha do B. C. P. 12 no inicio do Batalhão, para depois tirar o motor para substituir o 203.
A nova viatura velha que comprei, tinha sido um táxi, fui abrir o motor estava com o mesmo problema do outro, um enorme “calo”, peguei no bloco e fui a uma oficina que havia, não me recordo do nome do Senhor, sei que era numa rua paralela à que à que ia dar ao Zé da Amúra onde se comiam os passarinhos fritos e o chispe picante.
Também me lembro das lamentações do Senhor relativamente aos efeitos do clima e hoje em dia, sinto no corpo os sintomas que ele na altura se referia, lembrando-me das palavras sábias de quem sem conhecimentos clínicos, tem a prioridade do sentir na pele.
Resolvi por camisas novas e pistões novos, o carro ficou uma autêntica “bomba”, depois foi mudar a cor.
A cor inicial era um azul muito feio, por estar muito queimado do sol, era aquele azul “baço” que alguns chamam de cor de catre, depois de requerer a mudança de cor da pintura na Conservatória do Registo Automóvel, resolvi pintá-lo de um creme mais agradável à vista.
Um dia em que tinha o carro na pintura, não me despachei a tempo de apanhar o transporte e resolvi pedir o transporte de um Aferes MMT, para ir almoçar.
Tratava-se uma bicicleta a pedal com motor auxiliar, montado por cima da roda dianteira, quando a trabalhar e colocado a fazer fricção sobre a roda dava impulso para que a bicicleta andasse, pelo menos em terreno direito sem ser necessário pedalar.
Para Bissau, por ser a descer fui na ponta da unha, no regresso a coisa complicou-se porque entre Brá e o Restaurante as Palmeiras, o motor não queria trabalhar.
Para por o motor a trabalhar, punha-se o motor sobre a roda e com o movimento da roda é que este pegava, naquele momento não queria pegar, pensei tratar-se da “encharcada” procurei na mala das ferramentas, tirei a dita e procedi aos trabalhos de limpeza e secagem utilizados nestes casos mas sem sucesso e não pegou mesmo.
Aquela hora da tarde com o calor que fazia sentir, depois do esforço para o motor a trabalhar, fiquei alagado em suor e acabei por ir a pedalar até à Unidade, fiquei farto de Solex.
Quando estava a redigir este texto, veio-me à memória, que o meu camarada Furriel Pára-quedista, Joaquim Carlos da Costa Santos que morreu vitimado por um acidente de viação, creio que atropelado quando se deslocava numa Solex no mesmo trajecto, perto do Hospital Militar em 15 de Setembro de 1967.
Se não estou em erro o Alferes em referência, foi o que montou uma pista de carros em miniatura em Bissau, onde a rapaziada ia à noite brincar um bocado.Uma imagem da VELOSOLEX



Legenda: Na BA12 havia algumas máquinas destas Solex.
Foto:António Dâmaso(direitos reservados)


Legenda:A minha máquina “voadora”estacionada em frente ao Quartel da PSP em Bamdim.
Foto:António Dâmaso(direitos reservados)

Um Alfa Bravo

Saudações Aeronáuticas

Dâmaso

VB:Bom Dia Dâmaso.
Desta vez chegaste de Peugeot 203 (provavelmente hoje não te importavas de o ter em funcionamento!?...) e depois uma voltinha de Solex.
Devo dizer-te que na BA 12 existia uma destas máquinas mas...sem motor!Um dos seus principais "tripulantes" era o nosso companheiro João Pato que(parece que o estou a ver) fazia uns sprinter's pela placa. Recordo um dia,junto à porta do Grupo Operacional 1201,quando o Comandante do GO 1201,o falecido Ten.Cor.PilavBrito,o chamou,provalmente para o repreender pelo facto de não ter escolhido o melhor local para a pratica do ciclismo,ele,continuando a sua marcha,respondeu-lhe: Já vou meu comandante! Então,depois de completar a sua voltinha,lá foi ter com o Comandante que lhe deu mais um raspanete. Quer fosse dentro da base ou fora,o João era conhecido por toda a gente,era uma figura única. Não era João?
Bom,Dâmaso,perdi-me um pouco coma história da Solex.Que é feito de ti? À muito que te não saltavas na linha da frente,espero que seja apenas por manutenção do teu paraquedas e nada mais.