sexta-feira, 14 de maio de 2010

VOO 1705 RESPOSTA AO VÍTOR SOTERO - VOO 1548



Carlos José Santos
Negage
Sintra


Amigo
Não sabes o arrepio que me deu primeiro ver que estavas por aqui, eu não tenho visitado o blogue, do que me penitencio, mas tenho atenuantes!
Há pessoas que nunca se esquecem, tu foste um deles, ainda hoje me lembro de uma frase tua, que era:
-Isto é melhor que outro pior!
Como companheiros de viagem, de camarote e de porrada (3 dias de detenção) uma verdadeira estupidez!
Não fomos à formatura de abandono do navio porque estávamos os treze a jogar às cartas, o alarme do barco dava para acordar um morto a quilómetros de distância, a nossa desculpa; - Não ouvimos tocar!...
Há algumas imprecisões na tua descrição, o nosso camarote era à ré, éramos treze (dá para imaginar que ia dar azar!) e fomos para lá porque os Páras que iam connosco também meteram um valente cagaço ao tenente de Abastecimentos, que não foi como deveria ter ido com os outros oficiais do exército à reunião para alojamento do pessoal. Nós tínhamos direito a camarotes e o Tenente borrifou-se e quando lá chegámos queriam meter-nos no porão. Fizemos recusa na primeira noite ninguém dormiu, ou a maioria recusou-se a dormir e depois de uma noite a deambular pelos dec’s do navio lá nos arranjaram aquele espaço onde íamos como sardinha em lata. A minha cama era no meio, e só servia de cama à noite porque durante a maior parte do dia era a banca do montinho ou da lerpa, mas mais montinho.
Outra coisa que te esqueceste, quem desenrascou comida para o pessoal durante a viagem fui eu, porque tinha lá um amigo (já falecido) que era cozinheiro António Pedro de seu nome e nos dava comida e bebida a todas as refeições, não só para mim mas também para os outros camaradas. O Chança, meu companheiro desde a primeira hora de FAP, também teve esse privilégio porque a comida era para a malta até dar! Fiz anos a bordo, porque sou de 7 de Fevereiro, e esse amigo proporcionou-me a minha melhor festa de aniversário até então, grandes bebedeiras. Toda a malta da FAP esteve presente, Pára-quedistas, especialistas, e alguns do SG, e até do exército, lembro-me de um tipo já velho que era refractário lisboeta “pintas” muito engraçado que alinhava muito connosco, o Velez tocou acordeão e a festa foi até de manhã, o vinho veio numa enorme cafeteira de alumínio extra forte, de dez litros com uma asa enorme na boca.
Uma curiosidade dessa viagem, estávamos na amurada do navio a despedirmo-nos das nossas famílias, ao meu lado estava o Pinto, também de Abastecimentos, que tinha comprado um relógio na altura de embarcar, a um cigano qualquer que lhe pediu por ele 1.500$00 salvo erro, o objecto tinha apresentação e o argumento do meliante era que tinha que ir apanhar o comboio e não tinha dinheiro, e vendia o relógio de marca consagrada ao desbarato por esse motivo. Assim que apanhou o dinheiro na mão ninguém mais o viu, o objecto, de relógio só tinha o mostrador a caixa e a correia, foi um fartote de rir, mas por outro lado, malandro não tem pena de ninguém, nem o desgraçado do militar escapa nas mãos desses trafulhas!
Sotero, o meu conjunto era os DIAMANTES NEGROS, os Demónios eram da Madeira, onde pontificava o Luís Jardim.
Daquela foto dos Génios do AB3, (é a formação anterior à nossa chegada) que tu pedes para eu identificar,

Legenda: Génios do AB3, Negage, 1967

Foto: Sotero Cavaleiro (direitos reservados)

só sei o nome do Zé Themudo que tu identificas e bem, Legenda: Themudo Barata, AB3, 1968
Foto:
Sotero Cavaleiro (direitos reservados)
e do Manjerão, que salvo erro era o baterista, ainda toquei com o viola ritmo que está à esquerda da foto mas não me lembro do nome dele, e com o Costa que era o baixista, curiosamente estive esta semana com o fulano que está nas teclas, no Cascais Shopping, e com o Branco que era MMA, natural de Lourenço Marques, (hoje Maputo), um apaixonado por formula um, e assinante da revista L’Automobil, estive com eles mas não me lembro do nome. Vejo-o muitas vezes por lá hei-de falar no assunto.
Vítor eu continuo a morar em Sintra, aqui nasci, e espero nunca de cá sair, quando quiseres dá notícias. Podes pedir o meu e-mail ao mentor deste espaço que está desde já autorizado a dar-te caso tenhas vontade em me contactar, e ele não se importar de o fazer.
A todos os camaradas da FAP, em especial ao Sotero, na pessoa do mentor deste espaço Vítor Barata,
Um grande abraço do
Carlos José Santos (BILTRO, nome que só tive na FAP, por causa da música e de ser músico dos anos 60 fã dos BEATLES!)

Voos de Ligação:
VOO 1548 "A ATRACAGEM".
VOO 1540 NÃO FOI ATERRAGEM MAS SIM "ATRACAGEM"

JC: Companheiro Carlos Santos tens andado ausente desta Base ?! É através de mensagens como a tua que percebemos que vamos cumprindo alguns dos objectivos, como é o reencontro de antigos camaradas e as histórias contadas na primeira pessoa.
Queremos ver-te mais vezes por aqui, vamos a contar essa histórias.