segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Voo 1906 "OPERAÇÃO AMESTIA REAL"





António Dâmaso
Sargº Mor Paraqª(Refº)
Azeitão










OPERAÇÃO AMETISTA REAL


Em 17MAI73 cerca das 17H00, a minha companhia CCP 121,juntamente com o BAT Comandos Africanos, embarcou no cais de Bissau na LDG (Lancha de desembarque grande) 201 BOMBARDA, com destino a Bigene, nesta lancha tinha um tripulante conterrâneo que não ma deixou “passar sede”, iam-mos como sardinha em lata, fui para a ponte estendi o colchão pneumático, mas não consegui dormir por causa do ruído das máquinas e da trepidação.

Levamos a noite toda e parte do dia seguinte a navegar, estivemos a fazer um compasso de espera na foz do rio Cacheu não me apercebi se tinha a ver com marés, ou se foi para só chegar a Bigene ao anoitecer, abicámos no porto de Ganturé ao meio da tarde e dirigimo-nos a pé até ao aquartelamento de Bigene, no caminho cruzamo-nos com elementos da CCP 123, que se dirigiam ao porto depois terem andado em operação na zona, chegamos a Bigene perto do por do sol.

Os Comandos Africanos seguiram em frente em direcção ao Senegal e nós ficamos na parada de Bigene, comemos a ração de combate da ordem e preparamo-nos para passar a noite ali, ao meu pelotão calhou ali mesmo num canto da Parada em terreno limpo, liso e descoberto.

Depois de anoitecer, não posso precisar a hora, rebenta uma violenta flagelação ao aquartelamento de armas pesadas e lá estávamos nós, alapados ao chão rezando para que nenhuma granada nos caísse em cima, foi por pouco, uma caiu a escassos metros do meu pelotão espalhando uma saraivada de terra e pedras para cima de nós.

Sempre que pernoitava em operações, colocava o equipamento à frente da cabeça, o que me protegeu porque no dia seguinte descobri vários furos nas cartucheiras

Dia 19 quando começou a clarear, seguimos em direcção à fronteira que ficava a cerca de6 Km chegados a esta, viramos à esquerda, seguimos pela picada da mesma, passando pelo marco de fronteira 129, mais um pouco à frente viramos novamente à esquerda, caminhamos nessa direcção entre 200 metros e 800 e emboscamos no cumprimento da missão que nos estava reservada que era manter um corredor de segurança para uma possível evacuação sanitária via heli, entre Neneco e Bigene.
Cerca das oito horas ouvimos do outro lado da fronteira os bombardeamentos dos Fiat G 91,
assim como os rebentamentos dos combates que se prolongaram até meio da tarde, perto do por do sol regressamos a Bigene, nesse dia tivemos direito a uma refeição quente.
De novo preparamo-nos para passar a noite na parada e mais ou menos à mesma hora do dia anterior, mais uma violenta flagelação de armas pesadas, desta vez não caiu nenhuma perto.
Havia um oficial do Exército que andava num jipe de luzes acesas, em alta velocidade de um lado para outro, fiquei sem saber qual a lógica de tal atitude, mas não interessava porque naquela guerra, o mais que se viam eram coisas ilógicas, como já tinha visto em 1969 em Galomaro um Tenente andar de pistola em punho a atirar aos cães.

Mal sabia eu que dali para a frente, os ataques/flagelações iriam fazer parte do nosso dia-a-dia.

No dia 20 fizemos o mesmo trajecto do dia anterior, fomos emboscar mais ou menos no mesmo sítio, à tarde regressamos e seguimos em viaturas para o porto de Ganturé onde embarcamos juntamente com alguns comandos africanos num navio patrulha, vim a saber no mesmo que se destinava a Binta.

Saudações Aeronáuticas

A Dâmaso


VB-Olá Manuel,bem vindo sejas a esta base depois desta ausência tão prolongada.As mudanças de unidade dão sempre nisto.
Pois essa data,Abril/Maio de 73 foi marcante para a nossa FAP,faleceram muitos camaradas abonados pelas tropas inimigas. Não deixou de louvar o que foi importante a vossa acção,assim como das restantes tropas em terra,para nós.

Recordo em Fevereiro ter estado no Guilege,o Com.do Aquartelamento era um verdadeiro Getilman para nós,Cap.Quintas,eu dormi no quarto do Cap.Para Caldas que estava no mato,mas passado dois dias tive a sorte de fazer uma evacuação e já fiquei na base. Estava presente nessa altura o Com.do BCP 12,Araujo e Sá,já falecido.