sexta-feira, 8 de abril de 2011

Voo 2236 GADAMAEL PORTO,OUTRO INFERNO A SUL (3)





Victor Tavares
1ºCbºParqª
Águeda




Amigo e Camarada Victor Barata Comandante Supremo desta grande base, mais uma vez me encontro entre vós para te solicitar a publicação de mais uns enxertos da minha convivência operacional no TO na Guiné, esta sobre GADAMAEL PORTO, se o entenderes fazer. Aproveito também se o permitires Saudar com um abraço, o meu Camarada e Amigo Sarg. Mor .

DAMASO, que publicamente e através do blogue me deu as boas vidas, e lembrá-lo que ele ainda passou pelo meu pelotão “pouco tempo” antes da sua colocação definitiva no 3- pelotão, substituindo o Sarg. Carlos Ferreira. Despeço-me enviando um abraço para todos os Camaradas bloguistas, bons voos e melhores aterragens.

GADAMAEL PORTO


“OUTRO INFERNO A SUL”


(PARTE - 3)

A 23 de Junho Recebemos ordens para novo patrulhamento manhã cedo arrancamos desta vez saindo pela que era considerada porta de armas virada para o rio , o qual atravessámos avançando para o local indicado pelos nossos superiores , em progressão lenta e com cuidados redobrados , esta zona não era para brincadeiras ,

nesse dia éramos acompanhados por 2 militares do exército que eram sapadores e montavam minas no terreno tentando proteger o destacamento do inimigo , passado algum tempo , recebemos ordens para parar na frente , estávamos num local minado pelos nossos novos companheiros , e a sua missão era indicar-nos a localização das minas para podermos contornar o local sem qualquer incidenteQual não foi o nosso espanto quando nos foi dito que já tinha-mos avançado demais e que nos encontrávamos sobre o campo minado , sorte a nossa que tinha chovido torrencialmente nos dias anteriores e como o terreno era um pouco inclinado , arrastou terras para o local minado o que fez com que não tivéssemos accionado qualquer aparelho , esta situação aconteceu porque os sapadores já não conseguiam identificar o local minado com exactidão ,passados esses momentos de grande ansiedade e saídos desta zona perigosa , continuámos a progressão.


Foto: Pierre Farges (direitos reservados)

O nosso objectivo era fazer um reconhecimento a determinado local referenciado pelo Comandante das operações naquela zona e que o mesmo suspeitava de ali existir algo de estranho, assim o primeiro bigrupo da CCP121 continua a sua deslocação.Caía aquela chuva miudinha tipo cassimbo , que se foi acumulando nas folhas das árvores e por consequência caíam no chão fazendo o ruído característico que se conhece , depois de algum tempo andado , começámos a ouvir pessoas a falar, avança-mos com ainda mais cuidado , a mata era bastante aberta , com pouca vegetação rasteira e com árvores de grande porte , as condições do terreno proporcionava a formação de uma frente em linha de um grupo com 5 a 7 Pára-quedistas para esse efeito foram chamados mais 2 homens apontadores de armas pesadas , MG e HK21 que seguiam mais atrás, formada a equipa de assalto fomos avançando lentamente e cada vez mais se ouviam os homens do PAIGC , para surpresa nossa quando detectámos em cima de uma grande árvore um militar inimigo como sentinela avançada que se encontrava sob uma plataforma construída para o efeito, e que também ele foi surpreendido, porque tinha-mos todos os nossos homens da nossa coluna que já tinham passado por ele ,também o barulho da chuva agora mais intensa o atraiçoou .

Foto: Pierre Farges (direitos reservados)

Já a uns 100 metros das posições de onde vinham as vozes se encontravam os Pára-quedistas da frente, mais atrás a nossa preocupação era não sermos detectados pelo tal sentinela avançado que apenas se preocupava em vigiar o lado contrário ao qual nós nos encontrávamos, talvez eles pensassem que se aparecesse alguém seria por aquele lado, visto que passava por lá perto uma picada, mas nós vinha-mos em sentido contrário e a corta mato, o que para nós era habitual , o guarda tinha sido atraiçoado para nosso bem , no entanto na frente , quando tudo fazia prever que ia-mos colher o inimigo de surpresa , houve um elemento IN que detectou as nossas tropas abrindo fogo primeiro , ao qual ao Pára-quedistas responderam com intenso poder de fogo causando bastantes baixas ao inimigo como se verificou pelos vários e abundantes rastos de sangue, visto que eles se encontravam em valas e abrigos colectivos de onde se puseram em fuga, houve um grupo que entrincheirado resistiu até á retirada dos seus feridos e possivelmente mortos ser feita, o que levou a que este combate se prolonga-se durante mais de 25 minutos.
Mesmo assim os Guerrilheiros acabaram por deixar uma quantidade apreciável de armas, munições e granadas, algumas delas era material das nossas tropas que o inimigo tinha vindo a capturar ás forças do nosso Exército caídos em emboscadas e do destacamento de Guilege o qual já tinha sido tomado pelas forças do PAIGC , neste contacto , logo nos primeiros tiros mais atrás com uma rajada abatemos também o vigia que atrás referimos , foi a única baixa que pudemos confirmar na retaguarda.

Entretanto abandonámos o local depois de fazer a recolha de todo o material porque era usual o inimigo fazer batidas de zona com morteiros ou canhão s/recuo, o que era sempre perigoso, este grupo que foi apanhado de surpresa era estimado em cerca de 35 elementos.

Afinal o nosso comandante de operações Major Paraq. CALHEIROS tinha razão em solicitar a nossa intervenção neste local porque era realmente um enorme quartel posso até dizer o maior, talvez mesmo o maior de todos os que detectamos durante toda a minha comissão na CCP 121.

Próximo desta base e paralelo á linha de fronteira referenciamos uma picada que era bastante utilizada por viaturas vindas da GUINÉ CONAKRI, com passagem recente, aí emboscamos durante algum tempo sem que o IN se revela-se levantando a emboscada e regressando ao destacamento sem mais qualquer incidente e bastante carregados com o « RONCO » conseguido


Voos de Ligação:

Voo 2210 Gadamael Porto,outro inferno a Sul (1) - Victor Tavares
Voo 2216 Gadamael Porto,outro inferno a Sul (2) - Victor Tavares