sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Voo 2594 FAZ HOJE 39 ANOS QUE O "POETA" FOI ABONADO.




Victor Barata
Esp.Melec./Inst./Av.
Vouzela


Companheiros.
Assinala-se hoje o 39ºaniversário em que o Nuno Almeida “Poeta” lutou e venceu para que a sua continuidade de vida no meio de nós fosse um êxito.
Ele conta-nos assim:


Era 25 de Novembro de 1972.

“Levantei-me mais tarde, preparei-me para embarcar ás16 horas e fui despedir-me da malta ao hangar. De repente apareceu um jipe de alerta com um piloto. O gajo que estava de serviço foi para o helicóptero, preparou tudo, e quando o motor começou a trabalhar fiquei que ia ficar um mês e tal sem andar num bicho daqueles. Começou a dar-me uma coisa. Desatei a correr, o piloto parou, abri a porta e pedi-lhe:”Deixa-me ir a mim” Ele estava com 20 meses de Guiné e veio logo para fora.
Quinze minutos depois saltei com a maca para ir buscar os feridos à mata de Choquemone, ao pé de Bula. Era pessoal do exército. Piriquitos, só com dois meses de Guiné. Tiveram dois feridos, estenderam os oleados cor de laranja, pediram a evacuação e ficaram sossegados, sem fazer o perímetro de protecção. Os turras ficaram ali à espera. Quando sai, ouvi uma morteirada cair. Olhei para o piloto e ele fez-me sinal de que não sabia o que era. Ia a caminhar para os feridos e os gajos levantaram-se à minha frente a disparar. Virei-me para ir para trás e caí logo em cima da maca: levei com uma bala de cabeça cortada na artéria femoral da perna esquerda. “

Caro Nuno, é com grande alegria que hoje comemoramos o 39º aniversário da tua grande batalha travada com a morte e que VENCESTE!
Recordo como se fosse hoje, naquele dia em que a calma marcava alguma presença na linha da frente e,de repente, nos chega a notícia: O Poeta morreu! Dos habituais quarenta e tal graus de temperatura, o nosso corpo recebeu uma reacção tão impulsiva que passou para os zero graus.
A consternação foi muito grande porque, felizmente, embora o perigo que corríamos fosse de grau elevado, não estávamos habituados a perdas humanas na “família”, juntando a tudo isto o facto do Poeta ao inicio da tarde perder a oportunidade de partir para a metrópole onde o aguardava ansiosamente a sua família biológica.
Desde que tive o prazer de te conhecer, sempre te considerei e considero, um
VENCEDOR!

Parabéns Companheiro!