sexta-feira, 4 de maio de 2012

Voo 2856 A MINHA PASSAGEM PELO BCP 12,EM BISSALANCA.









Guiomar Silva
2º SARG MELEC
Abrantes/Moita




Saúdo o comando deste sitio e todos os companheiros que regularmente passam por aqui.
Já que estamos em maré de histórias (verdadeiras), cá vai uma das minhas passadas na FAP. A EMEL não ensinava só técnica mas sim, também, vivência, malandrice e nisso nós éramos barras. Mas o que vou contar já se passou na Guiné no BCP12. Todos nós, os especialistas, sabemos como era a diferença de  disciplina nas bases e nos páras. Nas bases era mais técnica e conhecimento nos páras mais militarismo, continência cabelo curto, essas coisas que nós não gostávamos nada e ainda por cima eu tinha estado no GDACI, Montejunto onde usávamos o cabelo quase até aos ombros embora escondido debaixo do bivaque ou boné. Ainda por cima eu tinha uma certa "azia" pois já tinha estado em Luanda e mandaram-me também para os páras, BCP21, sem dúvida que eles "gostavam" muito da minha pessoa e, aí, só me safei indo para a BA9 porque era músico e na base havia um grupo musical e, lá meteram umas valentes cunhas para eu  passar para o lado de lá. O bom do Guiomar  assim que chega ao BCP entra na escala de sargento de dia. Sabia lá o que era isso de sargento de dia, pistola à cintura braçadeira e a lidar com páras, só visto! O comandante da companhia estava de férias e em seu lugar estava um tenente que era mais ruim que as cobras, não sei se havia algum bom mas, aquele não era de certeza...!



Legenda: Guião do BCP 12,Bissalanca

Todos os dias onze de cada mês era dia da unidade com o pessoal todo formado na parada com práticas militares e tudo fardado a preceito. No dia anterior o oficial de dia disse-me - "amanhã ás oito horas apresenta-me a companhia!!!". Sabia eu lá eu, zé especialista, o que era isso, tanto assim que não passei patavina áquilo que o sr. oficial disse e ás oito horas ainda estava na cama sendo acordado por um cabo que, mais aflito que eu, me disse que  a parada já estava formada e estavam á minha espera para começar as "festividades"...Se o tenente não era bom o comandante da unidade então nem se fala mas, eu até compreendo que naquela tropa aquelas atitudes fossem apropriadas mas para o zé especialista era um bocado complicado, tudo muito novo, tudo muito estranho...Agora estão a ver, tudo formado e eu a correr para a parada ainda a apertar a breguilha e a pôr o cinto com a pistola...O prémio para esta atitude foram três dias de detenção e consequentemente  o corte das próximas e tão ambicionadas férias à metrópole. Ora bem, quando o comandante da companhia regressou informou-me que iria á metrópole tirar um curso de frio, eu, como chefe da secção eléctrica e um cabo especialista, vi ali a minha oportunidade de férias. Entretanto fui incumbido pelo capitão de levar uns saquinhos com terra "da sua horta" para analisar num instituto agrário qualquer para saber o que se poderia plantar naquela terra, se couves, batatas, alfaces ou rabanetes...Mas,essa missão era particular portanto, se não fosse levada a cabo nada me poderia acontecer e eu só pensava na ida á metrópole  que me foi negada com aquele castigo. O curso foi concluído num quarto do tempo, a terra foi lançada ao rio e fomos para casa gozar as nossas "merecidas férias" em missão e depois pensaríamos o que se deveria  dizer da análise á terra. Sabem como funcionavam os TAMs, sempre se arranjavam uns atrasos e o tempo de permanência na Metrópole duplicava quase sempre, pelo menos...foi o que aconteceu. Chegados á Guiné enfrentei o capitão que estava mais preocupado em saber os resultados da terra do que como tinha corrido o curso e respondi que os srs do instituto não podiam dizer concretamente o que devia plantar mas sim as qualidades da mesma mas, como o capitão não tinha perguntado isso a análise, por nossa decisão tinha sido anulada...Aplicámos aqui a nossa aprendizagem da vida na FAP, éramos os maiores em qualquer lado em qualquer situação...Só não me consegui livrar daquela "mancha" na minha reputação militar mas, em compensação gozei umas belas férias. Deus tenha em descanso esse sr capitão que já partiu há alguns anos, do tenente nada sei mas, também não estou interessado...Não referi nomes de propósito pois passam por aqui companheiros  que nos visitam e que também estiveram por aqueles lados e facilmente fariam a identificação desses personagens. Desculpem se desta vez me alonguei um pouco mais mas, adoro estas e outras histórias vividas por mim e contadas por outros.
cumptos!

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