quarta-feira, 14 de julho de 2010

Voo 1834 A PARTIDA E O REGRESSO(2) - JORGE MARIANO.


Jorge Mariano
Alf.Mil.Engº.Quimico
Coimbra


O Alferes PilAv Carpinteiro e a ida a Bafatá

Como por certo viram eu cheguei á BA12 numa 6ªfeira dia 29 de Janeiro 1971 conheci também logo o Alf PilAv Carpinteiro que era o piloto destacado para a gestão e manutenção dos combustíveis no mato. O Carpinteiro já estava há mais tempo na Guiné e começou logo por me dizer que tínhamos que ir visitar os locais de depósito desses combustíveis, foi tecendo algumas criticas ao meu antecessor por não ir visitar esses locais. Eu diplomaticamente não disse que não, mas estava ainda bem consciente das recomendações do Alf Antunes. –“Nunca vás ao Mato!”.

No domingo 31 de Janeiro estava a dormir batem á porta e aparece o Carpinteiro:

- “Vá vamos a levantar temos de ir fazer uma inspecção de combustíveis a Bafatá”

- Ainda respondi: “Então aqui também se trabalha ao Domingo?”…

Lá fomos, foi a primeira vez que voei de DO gostei imenso o Carpinteiro era um indivíduo transparente e amigo. Então e onde fomos? Fomos almoçar a casa do Camilo de Bafatá.

O Camilo era um grande comerciante amigo do Carpinteiro que o tinha convidado para almoçar e ele levou-me consigo…Foi o meu baptismo de mato!

Aconteceu que na refeição estava mais gente para além de nós os dois e o Camilo, estava o comandante do Batalhão de Bafatá, que já não recordo o nome, o Padre e um outro sujeito que não reconheci.

Soube depois que era o Agente da PIDE daquela zona. Comeu-se e bebeu-se bem e conversou-se…

A certa altura alguém falou em “Patriotismo das nossas tropas” e eu talvez apoiado nos vapores do álcool disse aquilo que para mim era evidente: Por patriotismo duvido que alguém aqui esteja, agora quem veio tem um dever de solidariedade para com esta máquina que nos envolve a todos. Porque se algum de nós não cumprir a sua missão fará perigar ou poderá fazer perigar a vida dos seus companheiros.

Ninguém reagiu e eu não dei também muita importância aquilo que disse, nem me lembrei mais. O Carpinteiro também não fez qualquer referência á conversa.

O que aconteceu é que talvez uns 15 dias depois fui chamado ao grande Comandante Gualdino Moura Pinto que me diz:

-Então você chegou aqui há dois dias e já tenho aqui um relatório da Pide sobre si!

Expliquei-lhe a conversa de Bafatá quem estava presente, reafirmei-lhe que era a minha ideia que estávamos ali primeiro com o sentido de dever e depois de ali estarmos a solidariedade era imprescindível. Agora por patriotismo deveriam ser poucos. Ouviu-me calado com aquele olhar sereno superior mas muito calmo e disse-me tenha cuidado!…

Assim começou a minha campanha de África.

Jorge Mariano.


Voos de Ligação:
Voo 1822 - A partida e o Regresso (1) - Carlos Nóbrega

VB:

Bom-Dia Jorge.
Ainda te procurei no evento do Carvalho, no sentido de nos reencontrar-mos, mas afinal não vieste. Ficará para o dia 4 de Setº.,se não for antes.
Bafatá!!!... Ó terra onde passei grandes momentos alegres da minha vida.
O Camilo!?...Quem não conhecia esse homem. Sempre fomos uns privilegiados por esse fulano, fazia questão de nos receber com o melhor que tinha.